Obsessão por maternidade leva médica a crimes graves em Minas Gerais
Uma médica neurologista de 42 anos encontra-se presa preventivamente no Presídio Pimenta da Veiga, em Uberlândia, acusada de cometer uma série de crimes movida por um desejo compulsivo de ser mãe de uma menina. Claudia Soares Alves responde por envolvimento no assassinato da farmacêutica Renata Bocatto Denari em 2020 e pelo sequestro de uma recém-nascida em 2024.
Trajetória criminal começou em 2020
De acordo com as investigações da Polícia Civil, a trama começou em 2020, quando Claudia conheceu e se casou com o ex-marido de Renata Bocatto Denari. O relacionamento durou apenas dois meses, mas foi suficiente para despertar na médica uma obsessão pela filha do casal.
O delegado Eduardo Leal, que comanda as investigações, revelou que Claudia idealizava uma "família perfeita" e faria qualquer coisa para realizar esse sonho. "Identificamos que a Claudia fazia um tratamento para engravidar porque ela tinha o sonho de ser mãe de menina. Ela fazia qualquer coisa para isso", afirmou o delegado.
Assassinato brutal da farmacêutica
No dia 7 de novembro de 2020, o plano criminoso se concretizou. Claudia e dois vizinhos - pai e filho - saíram de Itumbiara por volta das 5h da manhã em direção a Uberlândia. Eles chegaram antes das 7h, horário em que a farmacêutica costumava chegar ao trabalho.
Um dos suspeitos abordou Renata em uma motocicleta e entregou um pacote que continha um objeto de cunho sexual e uma carta. Enquanto a vítima abria o embrulho, foi atingida por diversos disparos de arma de fogo no tórax, pescoço, ombros e nádegas.
Testemunhas relataram que Renata tentou se defender e pediu para não ser morta, mas o atirador continuou disparando. A investigação aponta que a carta deixada no local foi uma tentativa de despistar a polícia, fazendo crer que se tratava de um crime passional.
Sequestro de recém-nascida em hospital
Quase quatro anos após o assassinato, em 23 de julho de 2024, Claudia cometeu outro crime chocante. Aproveitando-se de seu cargo como professora na UFU, ela acessou o Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU) usando seu crachá.
No quarto da vítima, a médica se apresentou como pediatra e pegou uma bebê que havia nascido apenas três horas antes. Ela conseguiu sair do hospital com a recém-nascida e fugiu em um carro vermelho, percorrendo os 135 km que separam Uberlândia de Itumbiara.
Quando os pais notaram a demora na devolução da bebê, o sistema de segurança do hospital foi acionado, mas Claudia já havia escapado. A Polícia Civil de Goiás foi acionada e identificou o endereço da suspeita.
Descobertas chocantes na residência
No dia 24 de julho, policiais encontraram na casa de Claudia uma empregada doméstica cuidando da recém-nascida. A médica não estava no local, mas quando retornou, foi abordada pela polícia.
Dentro de seu carro, os agentes encontraram um grande enxoval completo para uma bebê do sexo feminino, com peças novas, fraldas, banheira e até uma piscina infantil.
Durante buscas posteriores em sua residência, a polícia descobriu um quarto rosa totalmente preparado para receber uma criança, com berço e uma boneca reborn embrulhada como se fosse um bebê dormindo.
Prisão e andamento do caso
Claudia foi presa inicialmente pelo sequestro da recém-nascida e respondia ao processo em liberdade com tornozeleira eletrônica. Porém, no dia 5 de novembro de 2025, ela foi novamente detida por seu envolvimento no assassinato da farmacêutica Renata.
Atualmente, a médica está presa preventivamente e sua prisão temporária de 30 dias pode ser prorrogada por mais 30, conforme o andamento das investigações. Os dois vizinhos acusados de participação no crime também foram presos temporariamente.
O caso continua sob investigação da Polícia Civil, que apura se houve pagamento aos executores e se outros crimes cometidos por Claudia estão relacionados ao homicídio da farmacêutica.