
O cenário é conhecido: mais um jovem negro da periferia sendo enquadrado pelo sistema. Dessa vez, o alvo foi Oruam, amigo próximo do rapper MD Chefe, que não poupou críticas ao Estado em suas redes sociais. "Era só questão de tempo", disparou o artista, com aquele misto de revolta e cansaço que só quem vive na pele entende.
Segundo ele, a prisão do companheiro — acusado de tráfico — não passa de uma cortina de fumaça. "Deram brecha pra inventarem um vilão", crava, sugerindo que as autoridades precisam de bodes expiatórios para justificar falhas estruturais. Não é teoria da conspiração, é vivência mesmo.
O que de fato aconteceu?
Na madrugada de quinta, Oruam foi detido durante operação no Complexo do Alemão. A polícia alegou flagrante com drogas, mas os detalhes são nebulosos. "Cadê as provas concretas? Cadê o histórico?", questiona MD Chefe, enquanto compartilha fotos antigas dos dois — tempos antes da fama, quando dividiam sonhos e dificuldades.
Eis o ponto que dói: a transformação de um sobrevivente em criminoso. O sistema é rápido para julgar, mas lento — muito lento — para oferecer oportunidades. Enquanto isso, a máquina gira, e vidas viram estatística.
O outro lado da moeda
Fontes da delegacia garantem que a ação seguiu protocolos. Mas será que protocolos levam em conta contextos sociais? "Não tô defendendo erro, tô questionando o método", rebate o rapper, ciente de que sua voz ecoa além dos fãs.
- Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostram que 78% dos presos por tráfico são réus primários
- 64% não portavam arma quando detidos
- Apenas 2% das apreensões superam 100g de entorpecentes
Números que falam mais que discurso. Será que estamos mesmo combatendo o crime ou alimentando um ciclo?
Enquanto Oruam aguarda julgamento, MD Chefe promete "virar o jogo com letras e processos". A batalha jurídica e midiática promete — e revela, mais uma vez, como a justiça pesa diferente dependendo do CEP.