Mãe em Franca SP Aguarda Justiça por Filha Assassinada: A Luta Incansável por uma Condenação
Mãe em Franca aguarda justiça por filha assassinada

Franca, no interior paulista, carrega no silêncio de suas ruas um grito que ecoa há cinco longos anos. O grito de uma mãe. Dona Edna Aparecida de Souza, uma mulher cuja vida foi partida ao meio, transformou sua dor em uma missão singular: ver o homem acusado de assassinar sua filha, a jovem Kelly Cristina de Souza, de 25 anos, finalmente sentar no banco dos réus e ser condenado.

O caso, que remonta a 2020, é daqueles que a gente não esquece. A tragédia aconteceu num lugar que deveria ser seguro, um ponto de ônibus. Kelly foi atingida por vários tiros—três, para ser exato—numa ação violenta e, até hoje, de motivação nebulosa. O principal suspeito? Um homem que, pasmem, já tinha uma intimidade complicada com a vítima. Eles se conheciam. E, desde então, a vida de Dona Edna virou um eterno esperar.

Ela não cansa de repetir, com uma voz que mistura cansaço e teimosia: "Eu quero justiça. Só vou descansar no dia que ele for condenado". É uma espera que consome, que corrói por dentro. Uma espera que já virou parte dela.

Um Processo que Anda a Passos de Tartaruga

O tal do sistema judiciário... às vezes parece que foi feito para testar a paciência dos mortais. O julgamento, que estava marcado para esta terça-feira (20), simplesmente não aconteceu. De novo. Um novo prazo foi dado, e a data agora é 3 de setembro. Mais duas semanas de angústia na conta.

O advogado da família, Dr. João Carlos, não esconde a frustração. Ele soltou o verbo e criticou a defesa do acusado, que, segundo ele, "só procrastina e inventa desculpas para adiar o inevitável". A estratégia, pelo visto, é clara: cansar todo mundo até não aguentar mais.

A Memória que Não Apaga

Enquanto os papéis tramitam em fóruns e gabinetes, Dona Edna segue sua vida—ou o que restou dela. Ela criou sozinha a filha, viu Kelly crescer e construir seus sonhos. "Era uma filha maravilhosa, trabalhadeira, um amor de pessoa", lembra, com os olhos cheios d'água. O vazio que ficou é imensurável.

Ela se agarra à fé, à esperança de que o tal do "dia da justiça" chegue. Mas confessa, num momento de rara franqueza: "É muito difícil. Às vezes, sinto que vou desmoronar". A coragem dela, no entanto, é maior.

Franca acompanha o caso com um misto de indignação e solidariedade. A cidade sabe que, no fim das contas, isso não é só sobre Kelly. É sobre quantas outras famílias passam pelo mesmo? Quantas esperam por um veredito que tarda a chegar?

Agora, os olhos se voltam para setembro. O que vai sair dali? Será que, finalmente, o processo vai andar? Dona Edna, é claro, estará lá. Firme. Esperando. Porque, no fundo, justiça não é só uma palavra num processo. Para ela, é tudo.