Empresário nega confissão em morte de gari em BH e alega ameaças
Empresário nega confissão em morte de gari em BH

O empresário Renê da Silva Nogueira Júnior, réu pela morte do gari Laudemir de Souza Fernandes, de 44 anos, negou durante interrogatório nesta quarta-feira (26) ter confessado o crime. Em audiência de instrução no Fórum Lafayette, em Belo Horizonte, ele afirmou que confessou o homicídio apenas por ter sido ameaçado por policiais.

Negativa da confissão e alegações de ameaças

Durante seu depoimento, Renê da Silva Nogueira Júnior disse que "jamais atiraria em alguém" por ter ficado cerca de 30 minutos parado no trânsito, situação que antecedeu o crime ocorrido em agosto deste ano. O empresário, que está preso desde o dia do assassinato, não confirmou se efetivamente atirou no gari durante o depoimento desta quarta-feira.

Ele alegou à Justiça mineira que confessou o crime porque foi ameaçado por policiais, que teriam dito que poderiam prejudicar sua esposa, a delegada Ana Paula Lamego Balbino, caso não fizesse o que eles queriam. A arma utilizada no assassinato seria de propriedade da delegada.

Justificativa para porte de arma

O réu explicou que andava armado no dia do crime porque sofria ameaças de um antigo sócio, que estaria envolvido com o jogo do bicho na capital mineira. Renê afirmou ainda que "teve a oportunidade de atirar em outras pessoas" naquele dia, mas que não o fez.

O UOL tenta contato com a Polícia Civil de Minas Gerais para obter informações sobre o boletim de ocorrência contra o antigo sócio mencionado pelo empresário.

Andamento processual e recusa de habeas corpus

Nesta semana, a Justiça negou um pedido de habeas corpus da defesa do réu, argumentando que policiais militares invadiram a competência da Polícia Civil durante a ocorrência, ao colherem depoimentos e apurarem o crime. O Tribunal do Júri já ouviu quatro testemunhas hoje e oito na terça-feira (25).

Renê da Silva Nogueira é réu por homicídio triplamente qualificado por motivo torpe, porte ilegal de arma de fogo e fraude processual. Na acusação de fraude processual, a promotoria alega que ele pediu à esposa para que entregasse arma diferente daquela usada no crime, mas Ana Paula não atendeu ao pedido do marido.

Relembrando o caso

O crime ocorreu quando o empresário discutiu com a motorista de um caminhão de lixo, e Laudemir de Souza Fernandes e outros garis saíram em defesa da colega. Renê pegou a arma e atingiu a vítima na região torácica. O coletor foi socorrido e encaminhado ao Hospital Santa Rita, em Contagem, mas não resistiu aos ferimentos.

O empresário fugiu do local do crime e foi preso horas depois enquanto treinava em uma academia de alto padrão no bairro Estoril, área elitizada de Belo Horizonte.

Segundo o promotor Claudio Barros, uma decisão definitiva do caso deve ser tomada no prazo de um ano. "Acredito que, talvez, em menos de um ano, nós possamos ter talvez uma decisão de pronúncia, se houver prova para tanto", esclareceu o representante do Ministério Público.