Trump ameaça processar BBC por R$ 5 bilhões por edição no discurso
Trump processa BBC por edição em discurso do Capitólio

O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou entrar com um processo bilionário contra a emissora britânica BBC. A ação, que pode chegar a US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5 bilhões), é uma resposta a um programa que editou declarações do republicano sobre a invasão do Capitólio em 2021.

Ameaça legal e prazo para retratação

Os advogados de Trump enviaram uma carta à BBC nesta segunda-feira, 10 de novembro de 2025, exigindo uma retratação completa e justa até as 17h do dia 14 de novembro. O documento alerta que, caso a emissora não cumpra o prazo, Trump não terá alternativa senão ingressar com ação judicial por danos mínimos de US$ 1 bilhão.

A polêmica gira em torno de um episódio do programa Panorama que foi ao ar uma semana antes das eleições americanas de 2024. A atração combinou duas falas separadas de Trump, criando a impressão de que ele incentivava os ataques à sede do legislativo americano.

Como a edição distorceu as declarações

O programa mostrou Trump dizendo: Vamos caminhar até o Capitólio... e eu estarei lá com você. E lutaremos. Lutaremos como se não houvesse amanhã, seguido imediatamente por imagens do grupo de extrema direita Proud Boys marchando em direção ao Capitólio.

Entretanto, a investigação do jornal The Telegraph revelou que se tratava de uma edição manipulada. As duas falas do ex-presidente estavam originalmente separadas por mais de 50 minutos. Na íntegra do discurso de janeiro de 2021, Trump afirma: Vamos caminhar até o Capitólio e vamos aplaudir nossos bravos senadores e congressistas.

Além disso, as imagens dos Proud Boys foram gravadas antes mesmo do republicano iniciar seu pronunciamento, configurando uma montagem que alterou completamente o contexto das declarações.

Consequências na BBC e reações políticas

O escândalo teve repercussão imediata dentro da própria emissora. O diretor-geral da BBC, Tim Davie, e a diretora executiva de notícias, Deborah Turness, renunciaram aos cargos no domingo, 9 de novembro.

Em sua despedida, Davie assumiu responsabilidade final pelos erros cometidos: A BBC está tendo um bom desempenho no geral, mas foram cometidos alguns erros, e como diretor-geral, tenho que assumir a responsabilidade final.

O presidente da BBC, Samir Shah, também se pronunciou, pedindo desculpas em carta aos membros do Parlamento britânico pelo que classificou como um erro de julgamento.

Políticos britânicos se dividiram em suas opiniões sobre o caso. O líder dos Liberais Democratas, Sir Ed Davy, defendeu a importância da BBC como instituição, enquanto a líder do Partido Conservador, Kemi Badenoch, questionou o financiamento público da emissora através da taxa de licenciamento obrigatória.

O porta-voz do primeiro-ministro Keir Starmer, Tom Wells, afirmou que é importante que a BBC mantenha a confiança do público e corrija rapidamente seus erros, defendendo o apoio continuado à emissora em uma era de desinformação.