A sombra de Jeffrey Epstein continua a pairar sobre a política americana, com novas revelações mostrando a profundidade da relação entre o falecido criminoso sexual e Donald Trump. Documentos recentemente divulgados revelam estratégias de manipulação que poderiam impactar o futuro político do ex-presidente.
Os e-mails comprometedores
Cerca de cem deputados republicanos manifestaram disposição para votar, na próxima semana, pela divulgação de todo o material sobre Epstein em posse do Departamento da Justiça. Enquanto isso, a oposição democrata já está tornando públicos e-mails que os herdeiros de Epstein foram pressionados a entregar a uma comissão de inquérito.
Os documentos revelam conversas perturbadoras entre Epstein e o autor Michael Wolff, datadas de 2015. Em uma troca de mensagens particularmente reveladora, Epstein se vangloriava: "Eu sou o único capaz de derrubar Trump". A declaração expõe a confiança do criminoso em sua capacidade de comprometer o então futuro presidente.
Estratégias de chantagem
Em 2015, Wolff aconselhava Epstein sobre como lidar com Trump em uma possível entrevista na CNN. A resposta de Epstein foi emblemática: "Acho que você deveria dar corda para ele se enforcar. Se ele disser que não esteve no avião ou na casa, isso dá a você uma moeda política poderosa".
A estratégia era clara: criar uma situação onde Trump pudesse ser chantageado. Epstein via a possibilidade de "salvar" Trump em troca de favores futuros, mantendo-o como devedor. A conversa ocorreu sete anos após Epstein ter sido condenado por induzir menores à prostituição.
O caso Virginia Roberts Giuffre
Um dos pontos mais sensíveis diz respeito a Virginia Roberts Giuffre. Epstein afirmou em e-mails que ela "passou horas em casa com ele", referindo-se a Trump. No entanto, Virginia, que recebeu 15 milhões de dólares em um acordo com o príncipe Andrew, nunca confirmou ter tido qualquer envolvimento sexual com Trump.
A vida de Virginia foi marcada por tragédias. Ela sofreu abuso doméstico, perdeu a guarda dos filhos e se suicidou em abril passado, aos 41 anos. Sua morte se soma a outras mulheres exploradas por Epstein que também morreram em circunstâncias trágicas.
Contexto político e consequências
Em outubro de 2016, quando Trump enfrentava a crise do vídeo onde fazia comentários degradantes sobre mulheres, Wolff sugeriu a Epstein que aproveitasse a oportunidade: "É uma chance para você vir a público esta semana e falar sobre Trump de tal maneira que vai conquistar grande simpatia para você e ajudar a acabar com ele".
Epstein também demonstrou ambições megalomaníacas ao enviar um e-mail para o norueguês Thorbjorn Jagland, então presidente do Conselho da Europa, sugerindo que o chanceler russo Sergei Lavrov poderia entender Trump "se falar comigo".
A maldição de Epstein já cobrou seu preço: o príncipe Andrew perdeu seu status real, Jean-Luc Brunel (francês dono de agência de modelos bancada por Epstein) se suicidou em 2022, e várias vítimas morreram por overdose ou suicídio.
Trump, que prometeu divulgar tudo sobre o caso quando era candidato, agora vê suas reações terem efeitos negativos sobre sua própria base política. As revelações continuam a emergir, e a pergunta que permanece é até onde a maldição de Epstein poderá atingir o ex-presidente.