
O mercado financeiro brasileiro está com os nervos à flor da pele esta semana. E não é para menos — a CVM acabou de revelar uma daquelas operações que fazem até os investidores mais experientes coçarem a cabeça.
Imagine só: grandes nomes do setor, aqueles que você vê nos jornais e confia seu dinheiro, todos envolvidos numa dança coordenada que movimentou nada menos que R$ 1,2 bilhão. É dinheiro que não acaba mais.
O que diabos são COEs?
Antes de mergulharmos no meleca, vamos falar sobre COEs. Certificado de Operações Estruturadas — soa complicado, né? Basicamente, são investimentos que misturam renda fixa com exposição a outros ativos. Tipo um sanduíche financeiro com recheio arriscado.
O problema é quando esse sanduíche vem com ingredientes vencidos e ninguém te avisa.
Os protagonistas dessa novela
No centro do furacão estão nomes pesados: XP, BTG Pactual, Ambipar e Braskem. Sim, aquela Braskem mesmo, que já teve seus problemas recentes. Parece que velhos hábitos são difíceis de morrer.
A Ambipar, empresa de gestão ambiental, também está na jogada. Ironia das ironias — uma empresa focada em limpeza ambiental envolvida numa sujeira financeira dessas.
A coreografia perfeita — talvez perfeita demais
Segundo a CVM, houve uma sincronia quase coreográfica nas operações. Não era coincidência, mas sim uma orquestração bem afinada. As transações aconteciam em uníssono, como se todos estivessem ouvindo o mesmo maestro.
E o que a CVM não gostou? Basicamente, a falta de transparência. Investidores comprando COEs sem saber que havia um roteiro por trás — um roteiro que beneficiava alguns em detrimento de outros.
Os números que impressionam
- Valor total da operação: R$ 1,2 bilhão (sim, bilhão com B)
- Envolvimento de múltiplas instituições financeiras
- Operações coordenadas entre abril e junho de 2023
- COEs com características similares ofertados simultaneamente
Não é todo dia que se vê algo nessa escala. É daquelas coisas que faz você pensar: "será que alguém realmente acreditou que não iam perceber?"
E agora, José?
As consequências ainda estão por vir, mas já dá para sentir o calafrio percorrendo o mercado. A XP, sempre presente nesses casos, deve ter acionado seus advogados — e não são poucos.
O BTG, outro gigante, também está na mira. E a Ambipar, que deveria estar focada em despoluir o planeta, agora precisa despoluir sua imagem.
O que me deixa pensando: num mercado cada vez mais complexo, como o pequeno investidor pode se proteger dessas armadilhas? Parece que a velha máxima "desconfie de presentes gregos" nunca foi tão atual.
Enquanto isso, nos bastidores, os escritórios de advocacia corporativa devem estar comemorando — afinal, investigações desse tamanho significam horas billables que não acabam mais.
Fica a lição: no mundo dos investimentos, às vezes o que parece harmonioso demais é porque foi ensaiado nos bastidores. E o ensaio, muitas vezes, custa caro para quem está na plateia.