
Não é de hoje que o X — aquela rede social que um bilionário comprou e rebatizou — vira terreno fértil para discursos de ódio. Mas o último capítulo dessa novela é especialmente revoltante: uma enxurrada de ataques xenofóbicos contra nordestinos, e o pior? Quase nada acontece com os responsáveis.
Parece piada de mau gosto, mas é a pura realidade. Enquanto uns postam memes e receitas de bolo, outros usam a plataforma como megafone para espalhar preconceito. E o que era pra ser investigado como crime racial (sim, é crime!) acaba engavetado na maioria dos casos.
O jogo da impunidade
Você já viu aquela cena de filme onde o vilão dá risada da polícia? Pois é. Alguns perfis ficaram dias — às vezes semanas — postando ofensas graves antes de sumirem. E olhe lá! Muitos só tiveram contas suspensas depois de denúncias em massa.
- Dados que assustam: Em 2023, só 15% das denúncias por racismo online viraram inquérito
- Jurisprudência falha: Muitos processos emperram na identificação real dos usuários
- Efeito manada: A impunidade incentiva novos ataques — quem nunca viu um "é só brincadeira"?
Um delegado que preferiu não se identificar confessou: "Temos casos que parecem óbvios, mas esbarramos em burocracias digitais. Algumas plataformas demoram meses para responder pedidos judiciais". Conveniente, não?
Nordestino não é categoria de meme
Tem gente que ainda acha que ofender região do país cai naquela velha desculpa de "humor". Só que o buraco é mais embaixo. Pesquisas mostram que 7 em cada 10 nordestinos já sofreram preconceito online — e isso dói na vida real.
Maria (nome fictício), uma estudante paraibana, contou: "Apagaram meu perfil depois que reclamei de um comentário. Eu era a vítima, mas quem se ferrou fui eu". Revoltante? Sem dúvida. Incomum? Infelizmente, não.
E enquanto o algoritmo do X empurra engajamento a qualquer custo — inclusive o do ódio —, usuários descobrem brechas criativas para burlar filtros. Trocar "nordestino" por "NDST" ou usar emojis ofensivos virou moda entre os haters digitais.
E agora, José?
Alguns especialistas em direito digital estão pedindo o impossível: que as redes sociais assumam responsabilidade. "Plataformas lucram com a interação, mas lavam as mãos quando a coisa fica feia", critica uma advogada especializada.
Enquanto isso, nas quebradas da internet:
- Movimentos organizam "tuitaços" de resistência
- ONGs mapeiam perfis extremistas
- E a justiça... bem, a justiça segue no seu ritmo glacial
Uma coisa é certa: enquanto o ódio render likes, e a impunidade for regra, essa história maluca vai ter muitos capítulos pela frente. E você, acha que as plataformas deveriam fazer mais?