Era para ser mais um sábado comum no bairro Califórnia, em Nova Iguaçu, mas o que a polícia encontrou lá era tudo, menos comum. Uma verdadeira arena clandestina onde pássaros cantavam sob pressão - literalmente.
Os agentes da 58ª DP chegaram por volta das 10h da manhã, seguindo denúncias anônimas que há semanas insistiam sobre algo estranho acontecendo na região. E não é que as vozes do povo - e dos pássaros - estavam certas?
O cenário da ilegalidade
Dentro do galpão improvisado, a cena era quase surreal. Vinte e cinco pássaros de diferentes espécies, todos silvestres, presos em pequenas gaiolas esperavam sua vez de "performar". Os organizadores, dois homens de 38 e 45 anos, tentaram argumentar que era apenas um encontro de amigos, mas as apostas em dinheiro contavam outra história.
Parece coisa de filme, mas é a pura realidade: os animais eram avaliados pela qualidade do canto, com prêmios em dinheiro para os donos dos pássaros mais "talentosos". Uma crueldade disfarçada de tradição, se me perguntam.
As consequências
- Dois homens presos em flagrante por crime ambiental
- Vinte e cinco pássaros silvestres resgatados
- Material de apostas e dinheiro apreendidos
- Gaiolas e equipamentos do torneio ilegal confiscados
O delegado responsável pela operação foi categórico: "Não se trata apenas de uma infração administrativa. Estamos falando de maus-tratos animais, exploração da fauna silvestre e, claro, o aspecto criminal das apostas ilegais".
E agora, o que acontece com os pássaros? Segundo os peritos, os animais passaram por avaliação e serão encaminhados para centros especializados. Alguns, dependendo do estado, podem até ser reintegrados à natureza - quem sabe cantando livres, como deveriam sempre ter estado.
O caso segue sob investigação, e a polícia acredita que esta não era a primeira vez que o grupo realizava tais eventos. Uma teia que, felizmente, começou a ser desfeita neste final de semana.
Fica o alerta: tradição nenhuma justifica crueldade. E o canto dos pássaros, quando forçado, perde toda a sua magia natural.
