
Imagine caminhar pela cidade e se deparar com uma cena que vai gelar sua espinha. Foi exatamente isso que aconteceu numa manhã qualquer em Natal, quando alguém com um coração - ou a falta dele - decidiu que quatro vidas não valiam nada.
Dentro de uma sacola plástica comum, daquelas que a gente usa pra carregar compras do mercado, quatro filhotes de cachorro lutavam pra respirar. Jogados na Avenida Engenheiro Roberto Freire, uma das mais movimentadas da capital potiguar, como se fossem lixo. A ironia cruel: uma via cheia de vida servindo de palco para tamanha falta de humanidade.
O resgate que restaura a fé nas pessoas
Mas sabe o que é bonito de ver? Enquanto uns mostram o pior do ser humano, outros aparecem pra lembrar que ainda há esperança. Um homem, cujo nome não sabemos - e talvez nem importe - parou tudo que estava fazendo quando avistou a sacola se mexendo. O susto, a incredulidade, e depois a ação rápida.
As imagens que circulam nas redes sociais são de cortar o coração. Dá pra ver os bichinhos, todos branquinhos, se amontoando dentro do plástico. Um deles, particularmente esperto, já tentava morder a sacola pra escapar. A vontade de viver, mesmo nas circunstâncias mais absurdas, é algo que sempre me impressiona.
E agora, o que acontece com eles?
Bom, a boa notícia - se é que podemos chamar assim - é que os quatro sobreviveram. Foram levados para um hospital veterinário particular, onde receberam os primeiros cuidados. Desidratados, assustados, mas vivos. Graças a Deus, ou melhor, graças à compaixão de desconhecidos.
O caso já está nas mãos da Delegacia de Proteção Animal de Natal. E aqui vai um pensamento que não me sai da cabeça: será que quem fez isso consegue dormir à noite? Pensa no que deixou pra trás? Ou simplesmente segue a vida como se nada tivesse acontecido?
O que mais me revolta, pra ser sincero, não é só o abandono em si. É a forma. Uma sacola plástica, cara! Como se fossem objetos descartáveis. Como se não tivessem sentimentos, medo, necessidade de cuidado.
E a sociedade? Como reage?
Nas redes sociais, a comoção foi imediata. Pessoas se oferecendo para adotar, doar ração, ajudar com os custos veterinários. É nessas horas que a gente vê que, no fundo, a maioria de nós ainda tem um pedaço de humanidade preservado.
Mas fica o alerta - e isso é importante pra caramba: abandonar animais é crime. Não é questão de opinião, não é "só um bicho". É crime, ponto final. A Lei 9.605/98 prevê detenção de três meses a um ano, além de multa. E sabe o que é pior? Muita gente nem sabe disso.
Enquanto isso, os quatro sobreviventes - que alguém já batizou carinhosamente de "Os Milagrosos da Roberto Freire" - se recuperam. E a cidade inteira fica se perguntando: quantas sacolas com vidas dentro ainda estão por aí, esperando por um olhar mais atento?
No fim das contas, casos como esse servem pra nos lembrar de duas coisas: primeiro, que a crueldade humana não tem limites. Segundo - e mais importante - que a compaixão também não.