
Era pra ser um refúgio. Um lugar seguro. Mas o que a polícia encontrou numa ONG de Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo, nesta segunda-feira (25), foi qualquer coisa menos isso. Um cenário de total abandono e sofrimento que chocou até os agentes mais experientes.
Mais de cem animais – uma mistura angustiante de cães, gatos e até bichos silvestres – tentando sobreviver em condições que beiram o inacreditável. A falta de comida era evidente. A água, quando existia, estava imunda. E a sujeira? Bem, era generalizada.
O pior de tudo: uma veterinária, justamente alguém que deveria zelar pelo bem-estar desses seres, é a principal suspeita de comandar esse verdadeiro pesadelo. A Polícia Civil já corre atrás de informações sobre ela.
Um cenário que mais parecia um depósito de sofrimento
A ação partiu do GAEMA (Grupo de Atuação Especial do Meio Ambiente) do Ministério Público, com o apoio da Polícia Militar Ambiental. A denúncia anônima já sugeria algo grave, mas a realidade superou os temores iniciais.
Os animais estavam confinados, muitos sem qualquer acesso ao básico para uma existência digna. Não era difícil ver ossos aparecendo sob a pele dos bichos, um sinal claro e cruel da fome prolongada que enfrentavam.
Pergunta que não quer calar: como uma organização que se dizia de proteção pôde permitir que algo assim acontecesse? A hipocrisia do suposto cuidado mascarando a negligência mais brutal.
O que acontece agora?
Os bichos resgatados tiveram, finalmente, um vislumbre de esperança. Eles foram levados ás pressas para o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) local. Lá, uma equipe dedicada de veterinários e voluntários está fazendo o possível – avaliando a saúde de cada um, oferecendo comida de verdade e a hidratação tão necessária.
O caminho até a recuperação total, se é que é possível para alguns, será longo. Trauma não some com um prato de ração.
Enquanto isso, a investigação segue a todo vapor. A tal veterinária responde por maus-tratos, crime previsto na Lei nº 14.064/20, que pode render de dois a cinco anos de cadeia, além de multa e proibição de ter qualquer animal sob seus cuidados. Pouco, muitos diriam, perto do dano causado.
Este caso escancara uma triste realidade: nem todo lugar que se diz 'protetor' realmente protege. Fica o alerta para quem doa ou busca adotar. A vigilância precisa ser constante.