No coração da COP30 em Belém, um espaço especial chama a atenção pela energia que emana e pelas ideias que circulam. A Zona Verde, tema de reportagem do Jornal Nacional com Pedro Bassan, se consolidou como o local mais vibrante da conferência climática, onde diferentes saberes se encontram em busca de soluções para o planeta.
Um espaço de encontro e conscientização
A Zona Verde se diferencia claramente dos outros espaços da COP30 por seu caráter aberto ao público e pela missão principal de compartilhar ideias em vez de vender produtos. Os corredores lotados refletem a consciência coletiva de que a questão climática não pode mais ser adiada para as próximas gerações.
O ambiente lembra uma feira internacional, mas a essência vai além do que os olhos podem ver. Desde a dieta vegana até usinas que produzem etanol de bambu, das cápsulas do tempo aos produtos que chegam às prateleiras sem destruir a floresta, a diversidade de iniciativas é impressionante.
Sabedoria ancestral no centro das discussões
Um dos aspectos mais marcantes da Zona Verde é o reconhecimento de que não se pode discutir soluções climáticas sem incluir os povos indígenas. Luene Karipuna, da Aliança dos Povos Indígenas do Amapá e Norte do Pará, destacou a importância desse momento histórico.
"Esse momento traz a gente para o centro da discussão, porque não se pode discutir sobre clima ou soluções climáticas sem falar com os povos indígenas que há milênios convivem com territórios sem destruí-los", afirmou a liderança indígena.
Na prática, a Zona Verde se tornou um território fértil onde o saber ancestral e o conhecimento científico se complementam de forma harmoniosa.
Inovações tecnológicas a serviço da sustentabilidade
A poucos passos das reuniões indígenas, a ciência apresenta suas últimas descobertas. O geneticista Artur Silva anunciou um sistema de rastreamento que pode garantir que um pedaço de bife não venha de pasto ilegal.
"Você vai ter a chance de mostrar para o consumidor europeu que, ao comprar aquela carne, ele vai estar ajudando a proteção da floresta porque a carne está vindo de uma área rastreada", explicou o especialista.
Outra inovação apresentada vem da geologia. O geólogo Maurício Favacho revelou que até o ouro tem uma espécie de DNA que pode ajudar a combater o garimpo clandestino.
"Você vai criar um banco de dados daquele local e vai saber se de fato, a partir de auditorias, se aquela mineradora ou cooperativa está agindo de modo legal e ético", afirmou Favacho.
Um novo paradigma de cooperação
A Zona Verde se estabelece como um espaço genuíno de encontros e trocas. Simbolicamente, representa uma mudança de mentalidade global: o árabe não vem vender petróleo, mas distribuir afeto.
Energia limpa, produção sustentável e ideias circulam livremente pelos corredores. Quem tem soluções é bem-vindo, independentemente de sua origem ou complexidade. E, mesmo sem dizer nada, o futuro em pessoa é a presença mais importante em cada canto desse espaço transformador.
A Zona Verde da COP30 prova que as respostas para os desafios climáticos já existem - algumas são milenares, outras recém-descobertas, mas todas compartilham o mesmo objetivo: garantir um planeta habitável para as gerações que estão por vir.