Um estudo revolucionário desenvolvido por pesquisadores brasileiros e italianos está prestes a ser apresentado na COP30, conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas que ocorre em Belém do Pará. A pesquisa propõe uma nova metodologia para calcular o carbono armazenado no solo de florestas, seja nativas ou de reflorestamento.
Metodologia mais precisa para medição de carbono
O professor Irae Guerrini, da Faculdade de Ciências Agronômicas da Unesp de Botucatu, é um dos responsáveis pelo projeto inovador. Ele já havia apresentado parte deste trabalho na COP28 em Dubai, em 2023, e agora traz a versão completa para o evento no Brasil.
Em entrevista exclusiva, o pesquisador explicou que a metodologia desenvolvida é diferente e mais precisa do que as utilizadas internacionalmente e recomendadas pelo IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas). "Nós tivemos contato com muitas empresas e pesquisadores, então em termos de início de divulgação foi muito bom", comemorou Guerrini.
Inovações na coleta de amostras
Entre as principais inovações da pesquisa está a recomendação de coleta de amostras do solo em profundidades superiores a 1 metro, contrastando com os 30 centímetros sugeridos pelo IPCC. Os estudos foram realizados em uma área de reserva da Mata Atlântica na Fazenda Lageado, campus da Unesp em Botucatu.
O cálculo do carbono estocado no solo é fundamental para o mercado de crédito de carbono, uma das principais ferramentas para frear a emissão de gases do efeito estufa. A nova metodologia não apenas oferece maior precisão, mas também causa menos impacto ambiental durante a coleta.
Representatividade do interior paulista na COP30
Além do projeto da Unesp Botucatu, a COP30 contará com representantes de mais de dez iniciativas provenientes do interior de São Paulo. Regiões como Bauru, Sorocaba, Itapetininga, São José do Rio Preto e Presidente Prudente terão projetos expostos no evento global.
A TV TEM fará uma cobertura especial direto de Belém, com uma equipe de reportagem acompanhando a participação desses representantes paulistas. Os repórteres Adriano Baracho e Mayla Rodrigues trarão as novidades diretamente do local do evento.
Diversidade de projetos sustentáveis
Dentre as iniciativas que marcarão presença na conferência climática, destacam-se:
- Biblioteca Falada da Unesp Bauru: projeto de acessibilidade que produziu audiodescrição para a Casa da Floresta Unesp Peabiru
- Futuro Florestal de Garça: empresa especializada em produção de mudas nativas e projetos de carbono
- Lideranças indígenas das reservas de Araribá (Avaí) e Itaporanga (Itapetininga)
- Reservas Votorantim com novas metodologias de crédito de carbono para Mata Atlântica e Cerrado
- SOS Mata Atlântica com trabalhos de preservação do Rio Tietê
- Casa Ipê com mais de 20 mesas-redondas sobre conservação ambiental
Rodrigo Ciriello, diretor da Futuro Florestal e presidente da Nativas Brasil, destacou a importância da participação: "A Nativas Brasil representa a base do setor da restauração florestal no país, visto que sem sementes e mudas nativas o país não consegue nem começar a realizar uma de suas metas no Acordo de Paris".
A secretária de Educação de Jundiaí, Priscila Costa, também integra a comitiva e participará de agendas voltadas à primeira infância, educação ambiental e escolas verdes. "Iremos levar um pouco da nossa cidade, do nosso trabalho, buscando aprender bastante e pensando em estabelecer parcerias", afirmou.
Esta é a primeira vez que o Brasil sedia a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, consolidando o país como protagonista nas discussões ambientais globais e demonstrando a força da pesquisa científica nacional no combate às mudanças climáticas.