Presidente brasileiro abre cúpula do clima com críticas aos ausentes e defesa de ações concretas
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um discurso contundente na abertura da COP30, nesta segunda-feira (10 de novembro de 2025), em Belém. Diante de líderes mundiais, o mandatário brasileiro afirmou que chegou o momento de impor uma nova derrota aos negacionistas do aquecimento global e criticou a ausência de alguns chefes de Estado na conferência.
Financiamento climático versus gastos militares
Lula apresentou números impactantes durante seu pronunciamento. Se os homens que fazem a guerra estivessem aqui nesta COP, eles iriam perceber que é muito mais barato colocar US$ 1,3 bilhão para acabar com o problema climático do que colocar US$ 2,7 trilhões para fazer guerra, como fizeram no ano passado, declarou o presidente.
O líder brasileiro alertou que a crise climática já é uma realidade presente, citando como exemplos a recente passagem do furacão Melissa pelo Caribe e de um tornado pelo Paraná, que deixaram vítimas e um rastro de destruição. A mudança do clima não é uma ameaça do futuro, é uma tragédia do presente, enfatizou.
Propostas concretas e críticas aos negacionistas
Entre as medidas defendidas por Lula está a criação de um Conselho do Clima vinculado à Assembleia Geral da ONU, que daria ao desafio climático a estatura política que ele merece. O presidente também cobrou a implementação de contribuições nacionalmente determinadas (NDCs) mais ambiciosas, financiamento e transferência de tecnologia para países em desenvolvimento.
O discurso foi duro contra os que espalham desinformação sobre as mudanças climáticas. Eles controlam algoritmos, semeiam ódio, espalham medo, atacam instituições, a ciência e as universidades, afirmou Lula, acrescentando que é momento de impor uma nova derrota aos negacionistas.
Desigualdade e urgência climática
O presidente brasileiro definiu a emergência climática como uma crise de desigualdade que aprofunda a lógica perversa que define quem é digno de viver e quem deve morrer. Ele destacou que uma transição justa precisa contribuir para reduzir as assimetrias entre o Norte e o Sul Global, forjadas sobre séculos de emissões.
Segundo Lula, o Acordo de Paris de 2015 mostra que o mundo caminha na direção certa, porém com a velocidade errada. No ritmo atual, ainda avançamos rumo a um aumento superior a 1,5ºC na temperatura global. Romper essa barreira é um risco que não podemos correr, alertou.
A COP30, realizada pela primeira vez na Floresta Amazônica, acontece em um contexto de expectativas frustradas com o financiamento climático. Países em desenvolvimento exigem a mobilização de pelo menos US$ 1,3 trilhão por ano, enquanto o compromisso de US$ 100 bilhões anuais estabelecido em 2009 nunca foi totalmente alcançado.
O Brasil também espera usar a cúpula para impulsionar o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), que busca remunerar tanto os países que mantiverem suas florestas de pé quanto aqueles que investirem no instrumento.