A 30ª Conferência do Clima da ONU (COP30) começou oficialmente nesta segunda-feira (10) em Belém, no Pará, marcando a primeira edição do evento realizada na Amazônia. O presidente da conferência, embaixador André Corrêa do Lago, comemorou o consenso alcançado entre os países sobre a agenda oficial das discussões.
Consenso inicial sinaliza harmonia nas negociações
Durante coletiva de imprensa, Corrêa do Lago agradeceu às delegações pelo acordo alcançado na noite de domingo, considerado essencial para destravar o início dos trabalhos formais. "Quero agradecer às delegações pelo fantástico acordo que alcançaram ontem à noite", afirmou o embaixador.
A aprovação da agenda é uma das primeiras etapas de toda COP e costuma refletir o nível de cooperação entre os países. Neste caso, o desfecho positivo foi visto como um sinal de harmonia e disposição para avançar nas pautas prioritárias da conferência.
Três pilares centrais das discussões
As negociações em Belém se concentram em três grandes eixos:
- Transição energética: construção do "mapa do caminho" para substituição de combustíveis fósseis
- Adaptação climática: implementação do Objetivo Global de Adaptação (GGA)
- Financiamento: operacionalização do Roteiro de Baku a Belém para mobilizar US$ 1,3 trilhão anuais
O Brasil chega à conferência com expectativa de consolidar seu papel como protagonista global da agenda climática e mediador entre Norte e Sul Global. O governo aposta no Compromisso de Belém pelos Combustíveis Sustentáveis, iniciativa que busca quadruplicar o uso global de combustíveis sustentáveis até 2035.
Desafios e expectativas concretas
Serão duas semanas decisivas para a ação global contra as mudanças climáticas, com participação de aproximadamente 50 mil pessoas, incluindo diplomatas, líderes, ativistas, cientistas e empresários.
Um dos resultados esperados é o avanço em torno das metas climáticas (NDCs). Atualmente, as metas em vigor cobrem apenas 30% das emissões globais e levariam a uma redução de 4% até 2035, quando a ciência aponta necessidade de cortar cerca de 60%.
Outro ponto crucial será a definição do mapa do caminho da transição energética, transformando o acordo político de Dubai em plano concreto com metas, prazos e mecanismos verificáveis.
A conferência também discutirá mecanismos inovadores de financiamento, como o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), proposta brasileira que usa modelo de investimento de renda fixa para gerar recursos destinados à conservação de florestas.