COP30 em Belém: Metas Ambiciosas, Baixa Expectativa de Acordos
COP30 começa com desafios climáticos urgentes

COP30 inicia em Belém com metas ambiciosas e desafios complexos

A COP30 começou oficialmente nesta segunda-feira, 09 de novembro de 2025, em Belém, reunindo 160 delegações para discutir medidas urgentes contra o aquecimento global. O número de participantes supera o quórum necessário de 131 países, mas fica abaixo do observado em conferências climáticas anteriores da ONU.

As discussões se concentram na implementação do Acordo de Paris, firmado há dez anos, mas a disposição política para adotar o roteiro necessário tem se mostrado insuficiente. O limite de 1,5 grau Celsius, acordado entre os 195 signatários, já foi ultrapassado no ano passado, colocando o planeta em trajetória de aquecimento superior a 2 graus Celsius.

NDCs insuficientes ameaçam metas climáticas

Até o momento, apenas 69 países divulgaram suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), cobrindo cerca de dois terços das emissões globais. Alguns dos maiores poluidores, como Estados Unidos e Índia, sequer apresentaram compromissos de redução de emissões.

A China, maior emissor mundial, estabeleceu meta de redução entre 7% a 10% até 2035 em relação ao pico de emissões, sem especificar se esse ápice já foi atingido. Especialistas calculam que o país precisaria cortar pelo menos 28% para cumprir os objetivos de Paris.

O relatório do UNFCCC, órgão climático da ONU, divulgado há quinze dias, admitiu a impossibilidade de traçar conclusões amplas devido à base de dados limitada. As 64 NDCs apresentadas permitiriam redução de apenas 10% das emissões globais.

Adaptação climática como aposta principal

Diante das dificuldades em alcançar acordos ambiciosos, os delegados focam na adaptação climática, especialmente o financiamento para infraestrutura que minimize impactos nas populações vulneráveis.

O debate deve girar em torno dos GGA's - indicadores para medir progresso nessa área. Os países ricos, responsáveis pelo financiamento dentro do princípio de responsabilidades compartilhadas porém diferenciadas, exigem critérios claros para aplicação dos recursos.

Os meios de implementação somam 1,3 trilhão de dólares anuais até 2035, valor muito superior aos atuais 300 bilhões de dólares comprometidos. A entrada de capital privado é uma das medidas consideradas, mas a cifra é vista como improvável de ser aceita pelos países colaboradores.

Transição energética: intenções versus realidade

Na COP28 de Dubai, em 2023, os países se comprometeram pela primeira vez a abandonar progressivamente combustíveis fósseis. No entanto, o texto acordado fala em "transição para longe" dessas fontes, gerando discussões semânticas e pouca ação prática.

O Brasil, entre os dez maiores produtores mundiais de petróleo, prometeu quadruplicar produção e uso de combustíveis sustentáveis, mas simultaneamente busca explorar novas jazidas na Margem Equatorial, na foz do Amazonas.

Durante a cúpula de líderes, o presidente Lula defendeu a exploração como forma de financiar a transição energética, propondo um novo fundo sem detalhar seu funcionamento.

O Secretário Geral da ONU, Antonio Guterres, e especialistas admitem que o limite de 1,5 grau já ficou para trás. Para retornar a patamares seguros até o final do século, as emissões globais precisam cair quase pela metade até 2030 e serem zeradas até 2050.