Os manguezais ganharam destaque central durante a primeira semana da COP30 em Belém, com a coalizão internacional Mangrove Breakthrough anunciando avanços significativos na proteção desse ecossistema crucial. A iniciativa reúne agora 44 governos que representam 40% de todos os manguezais do planeta.
Ferramenta financeira para salvar os manguezais
Durante o evento realizado na Zona Azul da conferência climática, foi lançada a Mangrove Catalytic Facility (MCF), uma plataforma inovadora projetada para desbloquear investimentos e transformar a relação do setor financeiro com os manguezais. A ferramenta tem como meta inicial captar 80 milhões de dólares para projetos de preservação.
Ignace Beguin Billecocq, diretor executivo da Mangrove, revelou ambições ainda maiores: "Nossa meta é chegar a 4 bilhões de dólares até 2030". Nos últimos cinco anos, a plataforma já conseguiu movimentar 750 milhões de dólares em prol dos manguezais.
Situação crítica exige ação imediata
Os números apresentados durante a COP30 mostram a urgência da situação. Metade dos manguezais mundiais estão em colapso, segundo dados do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). Entre 1996 e 2020, a perda líquida global foi de aproximadamente 3,4%, equivalente a 5.245 km² de área destruída.
O mais alarmante é que a taxa de perda anual desses ecossistemas supera a média de outras florestas tropicais e subtropicais. Essa devastação coloca em risco mais de mil espécies que dependem dos manguezais para sobreviver.
Compromissos internacionais se expandem
A coalizão recebeu importantes adesões durante a COP30, incluindo dois estados brasileiros: Amapá e Maranhão. Eles se juntam a Pará, Pernambuco, Governo Federal e a cidade de Aracaju, que já faziam parte da iniciativa.
Internacionalmente, países como Jamaica, Papua-Nova Guiné, Brasil, Austrália, Costa Rica, Panamá e Paquistão estabeleceram metas específicas em suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs). Esses compromissos incluem planos concretos para proteção, restauração e uso sustentável dos manguezais.
A Papua-Nova Guiné deu um passo significativo ao lançar sua Política de Carbono Azul, fortalecendo a conservação e gestão sustentável do carbono armazenado nos ecossistemas costeiros, incluindo os manguezais.
Apesar de absorverem emissões de carbono quatro vezes mais que as florestas terrestres, os manguezais historicamente recebem menos atenção nas discussões climáticas. A iniciativa Mangrove Breakthrough busca reverter essa situação, colocando definitivamente esses ecossistemas no centro das estratégias globais de combate às mudanças climáticas.