A China mantém-se como o maior emissor de dióxido de carbono do planeta, com um volume três vezes superior ao segundo colocado, os Estados Unidos. Esta realidade decorre da forte dependência chinesa do carvão como matriz energética, um tema que surpreendentemente não ganhou o destaque esperado durante a COP30.
O peso do carvão na economia chinesa
O carvão, formado há 300 milhões de anos sob condições extremas de pressão e calor, foi fundamental para transformar a China de um "império comunista famélico" na potência económica que é hoje. O país combina controlo político comunista com práticas económicas capitalistas, mas pagou um preço ambiental elevado por este desenvolvimento.
Embora a China tenha planos ambiciosos para transitar para fontes de energia limpas até 2060 - uma promessa alinhada com o "pensamento do presidente Xi Jinping" - a sua dependência actual do carvão continua a ser o factor poluente mais destrutivo em escala global.
COP30: críticas desequilibradas?
Durante a conferência climática, observou-se um "festival de críticas" a Donald Trump pelos seus posicionamentos sobre acordos climáticos, enquanto a China praticamente não foi mencionada. Trump defende que os Estados Unidos não devem limitar voluntariamente os seus abundantes recursos naturais, uma posição que gerou fortes reacções internacionais.
As fontes de energia representam um dos sustentáculos fundamentais do poder geopolítico, e a aparente isenção da China do escrutínio público durante a COP30 levanta questões sobre a equidade do debate climático global.
Projectos ambientais questionáveis
A COP30 coincidiu com um momento de reavaliação de grandes projectos ambientais. O jornal The Telegraph enumerou várias iniciativas financiadas pelos contribuintes britânicos que se revelaram ineficazes ou problemáticas.
Entre os exemplos citados está uma estrada que ligaria Georgetown ao território brasileiro, um projecto que consumiu 52 milhões de libras dos contribuintes britânicos mas que parou num vilarejo de apenas 150 habitantes. Paradoxalmente, a Guiana tornou-se recentemente um país rico devido à descoberta de petróleo, com um PIB per capita de 30 mil dólares - três vezes superior ao do Brasil.
Outros projectos questionáveis incluíram financiamento para a Nigéria gerir seus recursos petrolíferos "sustentavelmente" e para o Congo distribuir preservativos, na esperança de que a redução do crescimento populacional diminuísse o impacto da destruição florestal.
Compensações e contradições
O artigo questiona a eficácia dos mecanismos de compensação ambiental, citando a Noruega como exemplo de país disposto a compensar sua dependência do petróleo do Mar do Norte financiando projectos duvidosos. Apesar de ser o quinto país menos corrupto do mundo, a Noruega enfrenta desafios para garantir que seus recursos são bem aplicados.
O texto também critica algumas organizações não-governamentais que chegam a destinar até 90% dos recursos arrecadados para os salários de seus directores, levantando questões éticas sobre o modelo de financiamento ambiental.
Enquanto isso, figuras públicas como o príncipe herdeiro William e o presidente colombiano Gustavo Petro são citados como exemplos de má orientação ou contradição nas discussões ambientais. A Colômbia, vale notar, mantém o carvão como 8% da sua matriz energética e o gás natural como 14% - muito melhor que a China, mas ainda distante dos ideais pregados.