
Parece contraditório, mas é o que os números mostram: enquanto o desmatamento na Amazônia Legal despencou pela metade nos últimos 24 meses, a degradação florestal — aquela destruição mais silenciosa — deu um salto assustador de 120%. Quem diria, né?
Os dados, que acabam de ser divulgados, pintam um cenário complexo. De um lado, boas notícias — afinal, menos árvores sendo derrubadas é sempre motivo para comemorar. Mas do outro... bom, aí a coisa complica.
O lado bom da história
Os esforços de fiscalização parecem estar dando resultado. Com operações mais frequentes e tecnologia de monitoramento, o corte raso de vegetação caiu para níveis que não se via há anos. "É uma vitória importante, mas frágil", admite um especialista que prefere não se identificar.
Detalhe curioso: as áreas protegidas foram as que apresentaram melhores resultados. Terras indígenas e unidades de conservação registraram quedas ainda mais expressivas — algo em torno de 60%.
O problema que ninguém vê
Agora, prepare-se para a parte que dói. Enquanto todo mundo ficava de olho nas grandes derrubadas, a degradação florestal — aquela destruição por fogo, exploração seletiva de madeira e outros processos menos visíveis — simplesmente explodiu.
"É como comparar um infarto com um câncer", explica uma pesquisadora do INPE. "Um chama atenção pelo impacto imediato, o outro vai minando aos poucos — e pode ser ainda mais perigoso no longo prazo."
Os motivos? Bom, aí a lista é grande:
- Focos de calor aumentaram 85% nas bordas das áreas protegidas
- Exploração ilegal de madeira nobre segue firme e forte
- O avanço "pé de galinha" de pequenos desmatamentos que somados causam estrago
E tem mais — como se não bastasse, os especialistas alertam que esse tipo de degradação pode ser o prenúncio de desmatamentos futuros. "Áreas degradadas são mais vulneráveis", explica um técnico do IBAMA. "É como se estivessem marcadas no mapa dos grileiros."
E agora, José?
O desafio, segundo os especialistas, é lidar com os dois problemas ao mesmo tempo. Manter a fiscalização pesada contra o desmatamento tradicional, claro, mas também desenvolver novas estratégias contra essa destruição sorrateira.
Tecnologia pode ser uma aliada — imagens de satélite de alta resolução já conseguem identificar até pequenas áreas de degradação. Mas falta pessoal no campo para agir rápido quando os alertas chegam.
Enquanto isso, a floresta segue seu caminho de resistência. Com menos desmatamento, mas mais degradação, o futuro da Amazônia continua na corda bamba entre avanços e retrocessos. E você, o que acha que deveria ser prioridade nessa equação complexa?