Aldeia COP30: 3 mil indígenas terão espaço próprio na conferência
Aldeia COP30 receberá 3 mil indígenas em Belém

A Conferência do Clima da ONU, COP30, que teve início em Belém nesta segunda-feira, conta com uma novidade histórica: uma aldeia especialmente construída para receber aproximadamente 3.000 indígenas do Brasil e de outros países que participarão do evento.

Estrutura colaborativa para vozes ancestrais

A Aldeia COP é resultado de uma parceria entre o Ministério dos Povos Indígenas, a Universidade Federal do Pará (UFPA) e a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), com apoio financeiro da Norte Energia. Localizada no campus da UFPA, o espaço foi visitado na última sexta-feira pela ministra Sônia Guajajara, que enfatizou a importância da participação indígena nas discussões sobre mudanças climáticas.

"Tudo o que foi discutido e apontado como solução até aqui não foi suficiente para reduzir as emissões e diminuir a temperatura média global do planeta", declarou a ministra. "Até agora nada foi o suficiente. Por isso que é importante escutar a ciência, mas também considerar quem realmente está protegendo. E neste caso, todos os estudos mostram que povos indígenas são fundamentais para enfrentar a crise climática".

Programação específica e inclusão social

A Aldeia COP terá uma agenda própria, focada em questões indígenas, debates sobre políticas públicas, fundos de financiamento, além de palestras e intervenções culturais. Segundo informações da UFPA, a estrutura contou com mais de 50 trabalhadores de diversas regiões do Brasil que, desde 6 de outubro, trabalharam na adequação do espaço.

Dentre os membros da equipe estão 15 internos do sistema penitenciário paraense, participantes do Projeto Liberdade, iniciativa que apoia a ressocialização e garante redução de pena através do trabalho remunerado.

Reconhecimento do protagonismo indígena

A criação da Aldeia COP representa um marco no reconhecimento do papel fundamental que os povos originários desempenham na proteção ambiental e no combate às mudanças climáticas. A estrutura não apenas oferece hospedagem, mas também cria um espaço de diálogo e troca de conhecimentos tradicionais que podem contribuir significativamente para as soluções ambientais globais.

Esta iniciativa pioneira demonstra a crescente conscientização sobre a necessidade de incluir vozes indígenas nos principais fóruns de discussão climática, reconhecendo seu conhecimento ancestral e sua relação única com a natureza como elementos cruciais para um futuro sustentável.