A Conferência do Clima das Nações Unidas (COP30), que acontece em Belém, no Pará, marcou um avanço histórico na participação dos povos originários nas discussões ambientais globais. Foi inaugurado oficialmente nesta terça-feira, 11 de novembro de 2025, um espaço dedicado exclusivamente aos indígenas dentro da Zona Azul, principal área de negociações do evento.
Espaço garante representatividade indígena
Batizado de Aldeia COP, o local foi montado dentro do pavilhão da Escola de Aplicação da Universidade Federal do Pará (UFPA) e tem capacidade para receber mais de três mil indígenas do Brasil e de outras partes do mundo. A iniciativa é articulada pelo Ministério dos Povos Indígenas (MPI) em parceria com a UFPA e a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB).
Os povos indígenas, reconhecidos como principais guardiões da biodiversidade e das florestas tropicais, desempenham papel decisivo na preservação dos ecossistemas e no enfrentamento das mudanças climáticas. A criação da Aldeia COP simboliza o reconhecimento dessa importância e reforça a necessidade de incluir os povos originários no centro das decisões globais sobre o clima.
Preparação e programação especial
Para garantir uma participação qualificada, 360 lideranças indígenas indicadas pelo movimento indígena passaram por seis meses de preparação pelo governo federal. Durante esse período, foram realizados encontros para informar as populações sobre o funcionamento e a relevância da COP30.
A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, destacou a importância da iniciativa: "Estamos confiantes, otimistas, articulando para que a gente tenha não só a maior delegação, mas também em qualidade de participação".
A Aldeia COP terá uma programação especial que inclui:
- Debates sobre políticas públicas
- Discussões sobre fundos de financiamento
- Atividades culturais que valorizam a diversidade e autonomia indígena
- Painéis sobre Política Nacional de Gestão Ambiental e Territorial Indígena (PNGATI)
- Apresentação do Plano Clima 2024-2035 e do Ciclo COParente
Ampla participação institucional
Além do Ministério dos Povos Indígenas, outras instituições governamentais participarão das discussões, incluindo os ministérios das Mulheres e do Turismo, a FUNAI e a Secretaria de Saúde Indígena (SESAI). Organizações do movimento indígena como APIB, COIAB, ANMIGA, Univaja e a Comissão Guarani Yvyrupa também marcarão presença para tratar de pautas centrais à realidade indígena.
A presença do Príncipe Alberto II de Mônaco durante a articulação para garantir a participação indígena qualificada reforça o reconhecimento internacional da importância dos povos originários nas discussões climáticas.
Ao trazer suas perspectivas, saberes tradicionais e práticas sustentáveis, os povos indígenas contribuem para a formulação de políticas ambientais mais inclusivas e eficazes, fortalecendo o enfrentamento da crise climática global.