
Imagine sair de casa e se deparar com um macaco pendurado no seu portão ou um jabuti atravessando a rua como se estivesse numa tarde preguiçosa no sertão. Pois é, no Piauí, essa cena é mais comum do que se pensa. Segundo dados do Ibama, só neste ano, mais de 300 animais silvestres foram resgatados de áreas urbanas no estado – e a lista de "fugitivos" surpreende.
Top 3 dos animais mais resgatados
Os campeões de resgate? Pássaros de diversas espécies, macacos-prego (aqueles espertinhos que adoram uma bagunça) e jabutis, que insistem em fazer caminhadas onde não deveriam. Parece até enredo de desenho animado, mas é a realidade das equipes ambientais.
"Tem semanas que parece que os bichos marcaram um encontro geral na cidade", brinca um agente do Ibama, que prefere não se identificar. Mas a situação não é tão engraçada assim. Muitos desses animais chegam feridos, assustados ou doentes – vítimas do avanço urbano sobre seus habitats.
Por que isso acontece?
Especialistas apontam três motivos principais:
- Expansão das cidades: quanto mais construções, menos espaço para os animais
- Queimadas: com o habitat destruído, eles fogem para áreas urbanas
- Tráfico: muitos são abandonados quando ficam difíceis de cuidar
E aqui vai um dado preocupante: cerca de 40% dos resgates envolvem animais feridos, principalmente por atropelamentos ou maus-tratos. Alguns pássaros, por exemplo, chegam com asas quebradas após colidirem com fios ou vidraças.
O que fazer ao encontrar um animal silvestre?
Primeira regra: não tente ser o herói da situação. A maioria das pessoas, com boa intenção, acaba piorando o estado do bicho. Segure a ansiedade e siga esses passos:
- Mantenha distância – muitos podem transmitir doenças ou se defender agressivamente
- Não ofereça comida ou água (o que parece ajudar pode ser fatal)
- Ligue imediatamente para o Ibama (0800 61 8080) ou polícia ambiental
- Se possível, tire fotos de longe para ajudar na identificação
Ah, e esqueça aquela história de "vou criar em casa". Além de crime federal (com multas que podem passar dos R$ 5 mil), você estará condenando o animal a uma vida infeliz longe do seu habitat natural.
Enquanto isso, as equipes de resgate seguem seu trabalho heroico – muitas vezes sob sol escaldante ou chuva torrencial – para dar uma segunda chance a esses habitantes originais do Piauí que, por azar do destino, acabaram perdidos no mundo de concreto.