ANP libera operação da P-78, nova plataforma da Petrobras no pré-sal
ANP autoriza nova plataforma P-78 da Petrobras no Campo de Búzios

A Petrobras recebeu um importante reforço para sua produção de petróleo e gás na camada do pré-sal. Nesta segunda-feira, 22 de abril, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) anunciou a autorização para o início das operações da plataforma P-78.

Detalhes da nova unidade de produção

A P-78 é uma plataforma do tipo FPSO, sigla em inglês para Unidade Flutuante de Produção, Armazenamento e Transferência. Ela foi instalada no Campo de Búzios, localizado na Bacia de Santos, a aproximadamente 180 quilômetros da costa do estado do Rio de Janeiro.

A ANP, órgão regulador vinculado ao Ministério de Minas e Energia, concedeu a autorização após uma análise criteriosa. O processo incluiu a aprovação de toda a documentação, a verificação do atendimento às condições de segurança operacional e a validação do projeto e dos sistemas de medição.

Capacidade de produção e construção

A nova plataforma possui uma capacidade de produção impressionante: até 180 mil barris de petróleo por dia e 7,2 milhões de metros cúbicos diários de gás natural. Desse volume, 3 milhões de metros cúbicos de gás por dia serão destinados ao mercado consumidor brasileiro.

Um ponto destacado pela agência é o sistema de flare fechado da P-78, tecnologia que minimiza as emissões de poluentes pela queima de gás natural. Os flares são as torres visíveis nas plataformas responsáveis por essa queima.

A construção da unidade foi um esforço global. O casco foi construído em estaleiros nas cidades de Yantai e Hayang, na China, e em Ulsan, na Coreia do Sul. A integração dos blocos ocorreu na Coreia do Sul, seguindo depois para Singapura, onde os módulos foram montados. Um desses módulos foi construído no estaleiro da Seatrium (antigo Brasfels), em Angra dos Reis, no litoral fluminense. As auditorias finais da ANP foram realizadas ainda em Singapura.

Contexto no Campo de Búzios e greve

A P-78 chega ao Brasil em setembro e será a sétima plataforma a operar no Campo de Búzios. Ela se junta às unidades P-74, P-75, P-76, P-77, Almirante Barroso e Almirante Tamandaré. Búzios é considerado o maior campo de petróleo em águas profundas do mundo e, em 2025, atingiu a marca recorde de 1 milhão de barris produzidos por dia, sendo atualmente o campo de maior produção do país.

A autorização da ANP ocorre em um momento delicado para a Petrobras. A estatal enfrenta uma greve nacional dos petroleiros, que completa oito dias nesta mesma segunda-feira. Entre as principais reivindicações da categoria, representada pela Federação Única dos Petroleiros (FUP), estão:

  • Melhorias no plano de cargos e salários;
  • Solução para os Planos de Equacionamento de Déficit (PEDs) da Petros, o fundo de pensão;
  • Defesa da pauta Brasil Soberano, que prega a manutenção da Petrobras como empresa pública com um modelo de negócios focado no fortalecimento da estatal.

Segundo a FUP, a Petrobras apresentou uma contraproposta no domingo, 21 de abril, com "avanços significativos" nos três eixos da campanha. No entanto, a categoria ainda exige garantias de que não haverá descontos pelos dias parados nem punições aos grevistas. A adesão ao movimento inclui nove refinarias, 28 plataformas marítimas, 16 terminais, quatro termelétricas, duas usinas de biodiesel e dez instalações terrestres.

A entrada em operação da P-78 representa um incremento crucial para a capacidade produtiva nacional de petróleo e gás, ainda que seu potencial pleno dependa da resolução do paralisaçã o que afeta outras unidades da empresa.