Calor extremo afeta 1,2 mil cidades e coloca saúde de milhões em risco
Onda de calor atinge 1,2 mil cidades com alerta de perigo

Uma poderosa onda de calor que se estende por três regiões do Brasil está impondo sérios riscos à saúde de milhões de pessoas. Mais de 1,2 mil cidades, em oito estados, permanecem sob alerta de grande perigo devido às altas temperaturas, situação que deve continuar até a próxima segunda-feira, dia 29.

Riscos à saúde e relatos da população

A exposição ao calor extremo vai muito além do desconforto e cansaço, podendo levar a consequências graves para o organismo. Trabalhadores que atuam sob o sol, como o vendedor de picolé Ciro Canaã Filho, de 81 anos, sentem na pele os efeitos. "Sinto tonteira, falta de ar, começo a suar frio", relata ele.

O marceneiro Fernando Oliveira já adotou uma estratégia de defesa: "Tem que tomar água de coco, porque sem hidratação não dá para sair nesse sol não". A recomendação é crucial, pois o corpo humano, que opera em média a 36,5°C, ativa a transpiração para se resfriar em ambientes quentes, processo que consome muita água e sais minerais e pode levar rapidamente à desidratação.

O perigo do estresse térmico e a hipertermia

Quando o mecanismo de regulação falha, a temperatura interna pode ultrapassar os 40°C, condição conhecida como hipertermia, que afeta órgãos vitais e pode ser fatal. O cardiologista Henrique Patrus alerta: "A desidratação intensa e a pressão arterial baixa levam a uma disfunção de diversos órgãos e tecidos, principalmente o sistema nervoso central, levando a uma confusão, a uma perda da função adequada cerebral".

O médico reforça que, diante de qualquer sintoma durante a exposição ao calor intenso, é fundamental procurar um lugar fresco, repousar e se hidratar.

Impacto nos serviços de saúde e cuidados necessários

Os efeitos da onda de calor já sobrecarregam o sistema público de saúde. Somente no Rio de Janeiro, a rede municipal registrou mais de 1,3 mil atendimentos possivelmente relacionados ao calor em um período de três dias. Os sintomas mais comuns foram tontura, fraqueza, desmaios e queimaduras solares.

O hipertenso Nilson Cândido foi uma das vítimas: "Senti tonteira, eu tenho problema de pressão. Sol está muito quente, acho que aquela quentura toda na cabeça... esse calor todo que faz que nem aguenta de jeito nenhum".

Em Belo Horizonte, que registrou temperatura acima de 35°C na sexta-feira (26), a população tenta se adaptar. Georgea, por exemplo, saiu de casa preparada: "Verão exige esse cuidado: protetor solar, chapéu, tentei sair com uma roupa leve e hidratada".

Diante do alerta que se estende até segunda-feira, as autoridades e especialistas reforçam a importância de medidas preventivas para evitar os graves riscos impostos por esta onda de calor histórica.