Indígenas enfrentam seguranças na COP30 em Belém durante protesto
Indígenas enfrentam seguranças na COP30 em Belém

Um confronto entre manifestantes indígenas e seguranças marcou a COP30 em Belém nesta terça-feira (11 de novembro de 2025). Dezenas de indígenas tentaram acessar o centro de conferências do evento da ONU, resultando em um incidente incomum que chamou a atenção dos participantes.

Confronto na entrada principal

Segundo imagens obtidas pela AFP, os indígenas participavam de uma marcha pelo clima e pela saúde quando tentaram entrar na chamada "zona azul", área onde acontecem as reuniões oficiais da conferência. Alguns manifestantes conseguiram adentrar o prédio, mas foram rapidamente empurrados para fora pela equipe de segurança.

Um porta-voz das Nações Unidas confirmou à AFP que um grupo rompeu as barreiras de segurança na entrada principal, causando lesões menores em dois seguranças e danos ao recinto. A situação foi controlada rapidamente, com a segurança reforçando as entradas com cadeiras e mesas para evitar novos acessos não autorizados.

Repercussão e investigação

O professor João Santiago, da Universidade Federal do Pará, explicou que o movimento indígena queria apresentar sua pauta dentro da zona azul, mas não foi autorizado. Maria Clara, manifestante da Rede Sustentabilidade da Bahia, destacou que o protesto visava alertar para a situação dos povos indígenas.

"Estamos ignorando essas vozes, ignorando as pessoas que realmente podem falar por essas causas", afirmou ela à AFP. "Eles entraram no espaço da COP30 para reivindicar com relação à questão de que a COP vai acabar, mas a destruição vai continuar".

A organização internacional 350.org, responsável pela marcha, se distanciou dos incidentes, afirmando que as ações após a manifestação não faziam parte do evento organizado.

Contexto indígena na COP30

O Brasil possui 1,7 milhão de indígenas de 391 etnias, que falam 295 línguas diferentes. Centenas deles, além de representantes de outras regiões do país e do mundo, participam da Aldeia COP, espaço montado para abrigar 3 mil indígenas na Universidade do Pará durante a conferência.

Muitos chegaram a Belém de barco, percorrendo por vários dias os rios da Amazônia. O cacique Raoni, do povo Kayapó, que chegou em cadeira de rodas e foi recebido como estrela, deixou um recado claro: "O homem branco deve respeitar a nossa floresta, as nossas terras, para não devastar o nosso território".

O incidente está sendo investigado pelas autoridades, e policiais pediram aos participantes ainda presentes que desocupassem o centro de conferências após os acontecimentos.