
Imagine um jogo de xadrez onde as peças se movem sozinhas, favorecendo sempre o mesmo jogador. Foi mais ou menos assim que funcionou o esquema montado por um ex-servidor do Tribunal de Justiça do Piauí e um grupo de advogados — só que, nesse caso, o tabuleiro era o sistema judicial e as peças, processos inteiros sendo adulterados.
Segundo as investigações, o ex-funcionário — que tinha acesso privilegiado ao sistema — e os advogados envolvidos atuavam em conluio para fraudar processos. O modus operandi? Alterar prazos, incluir documentos falsos e até "sumir" com certidões quando conveniente. Tudo isso, é claro, por trás de cortinas bem fechadas.
Como o esquema funcionava na prática
O ex-servidor, que conhecia os meandros do sistema como a palma da mão, usava seu conhecimento para:
- Manipular prazos processuais — às vezes adiantando, outras retardando, conforme a conveniência
- Inserir documentos não apresentados pelas partes (aquela "ajudinha" que ninguém viu chegar)
- "Desaparecer" com certidões e outros papéis que poderiam prejudicar seus clientes
Enquanto isso, os advogados — que deveriam ser os primeiros a zelar pela ética — faziam a parte externa do serviço: convenciam clientes de que tinham "contatos" dentro do tribunal, cobravam honorários exorbitantes e, pasme, às vezes até inventavam trâmites processuais que nunca existiram.
O estrago foi grande
O esquema, que durou anos, deixou um rastro de processos contaminados — alguns com decisões judiciais baseadas em informações falsas. E o pior? Muitas partes legítimas sequer sabem que foram prejudicadas. Afinal, quem desconfiaria que seu processo foi adulterado por dentro?
"É como se tivessem adulterado o placar de um jogo depois que ele acabou", compara um desembargador que preferiu não se identificar. "A diferença é que aqui estamos falando de vidas, patrimônios e direitos sendo manipulados."
Agora, a Justiça começa a desatar os nós desse emaranhado. O ex-servidor já foi demitido por justa causa e responde a processo administrativo. Já os advogados envolvidos podem ter suas inscrições na OAB cassadas — sem falar nas ações penais que estão por vir.
E você, o que acha? Até que ponto a falta de transparência no Judiciário abre brechas para esse tipo de fraude? Difícil não pensar que, enquanto houver sistemas opacos e gente disposta a burlar regras, histórias como essa vão continuar surgindo...