
Imagine receber um diagnóstico de câncer e passar por sessões exaustivas de quimioterapia, só para descobrir depois que tudo foi um engano. Foi exatamente isso que aconteceu com um paciente do Hospital de Clínicas da Unicamp, em Campinas. O caso, que virou um verdadeiro pesadelo, finalmente chegou ao fim depois de oito longos anos.
A coisa toda começou em 2017, quando os médicos diagnosticaram o paciente com um tipo específico de câncer e iniciaram imediatamente o tratamento quimioterápico. Só que tinha um probleminha aí: o tal câncer... bem, ele simplesmente não existia.
O diagnóstico que mudou tudo
O laudo patológico inicial apontava para um carcinoma, um tipo de tumor maligno. Baseado nisso, a equipe médica partiu para o tratamento padrão. Sessão após sessão de quimioterapia, com todos aqueles efeitos colaterais horríveis que todo mundo conhece - queda de cabelo, náuseas, fraqueza extrema.
Mas algo não cheirava bem. Durante o acompanhamento, os próprios médicos começaram a desconfiar que a coisa não estava batendo. Foi quando resolveram fazer uma revisão do caso e... surpresa! O tumor era benigno, inofensivo, daqueles que não representam perigo algum.
A longa batalha na Justiça
Obviamente, o paciente não ficou nada satisfeito com a situação. Quem ficaria, né? Ele entrou com uma ação contra o Estado de São Paulo, que é quem responde pelo HC da Unicamp. A defesa argumentou que houve um erro grosseiro no diagnóstico, uma falha que mudou completamente a vida do homem.
O juiz Carlos Alberto Alvaro de Oliveira, da 1ª Vara da Fazenda Pública de Campinas, não teve dúvidas: condenou o Estado a pagar indenização por danos morais e materiais. O valor ainda não foi divulgado, mas a decisão já é considerada uma vitória importante para quem sofre com erros médicos.
"O caso configura evidente erro médico", afirmou o magistrado em sua decisão. Ele destacou que o paciente foi submetido a um tratamento "inadequado e desnecessário", sofrendo todos os prejuízos físicos e psicológicos que acompanham um tratamento tão agressivo.
O que o hospital alega?
Do outro lado, a defesa do Estado tentou argumentar que não houve negligência. Disse que os médicos agiram de acordo com o laudo inicial e que a conduta deles foi "razoável e prudente". Mas a Justiça não comprou essa versão.
O que me faz pensar: será que um simples erro de laboratório pode justificar todo esse sofrimento? É complicado, muito complicado. Os hospitais universitários são referência, mas parece que até eles estão sujeitos a falhas humanas.
O caso serve de alerta para todos nós. Às vezes confiamos cegamente nos diagnósticos médicos, mas talvez devêssemos sempre buscar uma segunda opinião. Principalmente quando o tratamento proposto é tão invasivo quanto a quimioterapia.
Enquanto isso, o paciente segue tentando reconstruir sua vida. Oito anos é muito tempo, especialmente quando você passa parte dele lutando contra uma doença que nunca existiu. A indenização pode ajudar financeiramente, mas duvido que compense todo o desgaste.