
Eis que a política uberlandense nos presenteou com mais um capítulo daqueles que deixam qualquer cidadão coçando a cabeça. Na última terça-feira, a Câmara Municipal arquivou — pasmem — o pedido de cassação do vereador Gilson de Souza, do MDB. O mesmo que, vejam só, admitiu publicamente ter usado seus assessores para bancar despesas do gabinete.
Parece piada, mas não é. O caso rolou solto nas comissões de Ética e Justiça antes de chegar ao plenário. E adivinhem? Os colegas parlamentares simplesmente engavetaram o processo. A justificativa? Segundo eles, o vereador já havia devolvido os R$ 17 mil aos cofres públicos, então não havia mais motivo para punição.
O confessionário político
O que mais choca nessa história toda — e me perdoem o desabafo — é que o próprio Gilson assumiu o erro. Num raro momento de "sincericídio" político, ele contou que, entre 2021 e 2022, usou o dinheiro de quatro assessores para pagar contas do gabinete. Aluguel, água, luz, telefone... Tudo misturado numa salada financeira que deixaria qualquer contador de cabelos em pé.
Não foi algo escondido, não. O próprio Conselho de Ética confirmou as tais "irregularidades contratuais". Mas, cá entre nós, parece que confessar virou atenuante na política local.
O baile das justificativas
O relator do caso, vereador Maurício Lemos, do PSB, defendeu o arquivamento com unhas e dentes. Segundo ele, como o dinheiro voltou para onde deveria estar, o assunto estaria resolvido. "O ressarcimento demonstra o compromisso do parlamentar com a legalidade", argumentou. Conveniente, não?
Mas espere — tem mais. O próprio Gilson tentou se explicar dizendo que foi tudo um "erro de gestão" durante a pandemia. Aquele velho argumento de que "tempos difíceis exigem medidas difíceis". Só esqueceu de mencionar que medidas ilegais continuam sendo... ilegais.
E o povo, hein?
O que me deixa pensativo é como essas histórias sempre terminam em pizza quentinha. O cidadão comum que comete um erro no IR ou atrasa um imposto leva multa e corre atrás do prejuízo sozinho. Já na política, parece que a régua é diferente — bem mais flexível, diga-se de passagem.
Enquanto isso, Uberlândia segue com seu cotidiano, assistindo a mais um episódio da série "Leis para Uns, Flexibilidades para Outros". E a pergunta que não quer calar: será que o simples ressarcimento basta para reparar a quebra de confiança pública?
Pensem nisso.