Tragédia em Pirapora: Família transporta corpo de ente querido em bicicleta após falta de apoio
Família transporta corpo em bike por falta de apoio em Pirapora

Numa cena que corta o coração, uma família de Pirapora, no norte de Minas, virou notícia por um motivo que ninguém gostaria de protagonizar. Na última quarta, eles transformaram uma bike comum em veículo fúnebre improvisado — e não por falta de criatividade, mas de alternativas mesmo.

O caso aconteceu no bairro Vila São José, onde o falecido — um homem de 46 anos — morava. Segundo vizinhos, a família bateu na porta de vários órgãos públicos pedindo ajuda para o transporte do corpo. "Ninguém estendeu a mão", contou uma moradora, ainda com a voz embargada.

O improviso que chocou

O que se viu depois foi digno de filme trágico: dois parentes equilibravam o corpo em cima da bicicleta, enquanto um terceiro segurava a cena precária. A imagem, gravada por celular, correu rápido nas redes — mistura de indignação com perplexidade.

"A gente até pensou em juntar dinheiro entre os vizinhos", confessou o dono de um bar próximo, "mas quando a gente se organizou, já tinham partido com ele assim mesmo".

Falta de estrutura ou de humanidade?

O caso escancara um problema que vai muito além do transporte: a falta de acolhimento em momentos cruciais. Enquanto isso, a prefeitura local alega que "os protocolos foram seguidos" — embora não detalhe quais seriam esses protocolos que permitem cenas como essa.

No hospital onde o corpo estava, a justificativa foi ainda mais surpreendente: "Não temos veículo adequado para esses casos", disse um funcionário que preferiu não se identificar. Como se, em pleno 2025, transporte digno fosse artigo de luxo.

O que fica é o retrato de um sistema que falha quando mais precisam dele. E de uma família que, na dor, fez o que pôde — com as únicas ferramentas que tinha à mão.