
Parece que o setor aéreo brasileiro decidiu entrar numa montanha-russa — e não é das divertidas. A gente até tenta acompanhar as manobras, mas é difícil não sentir aquele frio na barriga. A verdade é que três fatores cruéis resolveram se juntar num conluio perfeito para apertar o cinto das companhias aéreas… e, claro, do nosso bolso.
Primeiro, aquele velho conhecido IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) resolveu dar as caras com mais força nas operações de câmbio. Traduzindo: ficou mais caro para as empresas comprarem dólar. E adivinha para que serve boa parte dessa moeda? Exatamente: para pagar leasing de aeronaves, combustível (que é cotado em dólar) e uma penca de outros custos operacionais. É um golpe direto no caixa.
E como se não bastasse o aperto fiscal, o dólar resolveu escalar montanhas. A moeda norte-americana disparou, batendo níveis que fazem todo mundo segurar a respiraça. Para um setor que praticamente respira em dólar, é como tentar correr uma maratona com um peso extra nas costas. Os custos operacionais simplesmente explodiram, e alguém tem que pagar essa conta, não é mesmo?
Mas calma, tem mais. Do outro lado do hemisfério, a Boeing — a gigante das aeronaves — enfrenta uma crise de produção que mais parece um pesadelo logístico. Atrasos atrás de atrasos na entrega de novos aviões. E aí, meu amigo, a conta chega para todo mundo. Companhias aéreas que contavam com essas novas aeronaves para expandir rotas ou renovar frotas ficam de mãos atadas. Planos de voo? Adiados. Capacidade de oferta? Congelada. E o passageiro, lá no final da cadeia, sente o aperto na pele — ou melhor, no bolso.
E o Brasil nesse cenário?
Por aqui, a situação não é nada animadora. A Azul Linhas Aéreas, por exemplo, já deu o veredito: revisou pra baixo sua expectativa de capacidade para o ano que vem. A Gol, outra grande, também sente o baque. E aí a gente se pergunta: o que sobra para o consumidor? Exatamente o que você está pensando: passagens mais caras, menos opções de voo e, possivelmente, um serviço ainda mais apertado.
Não é exagero dizer que estamos diante de uma tempestade perfeita. Uma combinação rara — e amarga — de fatores econômicos, tributários e industriais. E o pior: não parece haver uma solução rápida no horizonte. Enquanto isso, o setor se vira nos trinta para tentar amortecer os impactos, mas a realidade é dura. Quem paga a conta, no final das contas, é sempre o mesmo.
É aquela velha história: quando o setor espirra, o passageiro pega um resfriado duplo. E dessa vez, o vírus veio forte. Resta torcer para que os ventos mudem — de preferência, a favor do consumidor.