
O que era para ser mais uma terça-feira tranquila no Santos Dumont se transformou num verdadeiro pesadelo para centenas de passageiros. Cheguei cedo no aeroporto e já dava para sentir a tensão no ar — aquela energia pesada que só quem já passou por cancelamento conhece.
Pelo menos 25 voos simplesmente sumiram da programação, sabe? Sumiram como se nunca tivessem existido. E olha que estou falando de rotas importantes: São Paulo, Belo Horizonte, Brasília... Os painéis estavam vermelhos de tanto 'cancelado' que aparecia.
O desespero nos corredores
Não era difícil identificar quem estava há horas tentando embarcar. As caras cansadas, as malas arrastadas de um lado para o outro, o celular na tomada — sempre o celular na tomada. Uma senhora que conversei estava desde as 6h tentando voltar para Minas. "Parece que estamos num filme sem fim", me disse, com aquela voz mista de cansaço e resignação.
E o pior? A informação era escassa como água no deserto. As companhias pareciam tão perdidas quanto os passageiros. Algumas ofereciam reembolso ou remarcação, mas outras... bem, outras deixavam todo mundo completamente no escuro.
O que dizem as empresas
A LATAM — que cancelou nove voos — alegou "necessidade operacional". Termo vago, não acham? A Gol cancelou outros oito, mas não deu muitos detalhes. A Azul até que se saiu melhor, com apenas três cancelamentos, mas mesmo assim deixou muita gente na mão.
Curioso pensar como um simples "necessidade operacional" pode virar o dia de centenas de pessoas de cabeça para baixo. É impressionante a fragilidade do nosso sistema aéreo — basta uma pequena alteração na programação para tudo virar um caos.
Alternativas? Quase nenhuma
Os mais desesperados tentaram a sorte no Galeão, mas adivinhem? Os preços estavam astronômicos. Um voo para São Paulo que normalmente custa R$ 300 estava saindo por mais de R$ 800. Um absurto que beira o surreal, se me permitem a opinião.
O aeroporto virou uma mistura de hotel improvisado e praça de alimentação lotada. Pessoas dormindo no chão, outras fazendo hora em restaurantes, várias tentando resolver coisas pelo telefone. Uma cena que dá pena e raio ao mesmo tempo.
E sabe o que é mais frustrante? Ninguém assume a responsabilidade. Nem as companhias, nem a Infraero, ninguém. Fica tudo nesse jogo de empurra-empurra enquanto o passageiro que se vire.
Reflexão necessária
Incidentes como esse me fazem pensar: até quando vamos aceitar esse tipo de situação como normal? Voar deveria ser algo prático, eficiente, não uma roleta russa de imprevistos.
Enquanto escrevo esta matéria, ainda vejo famílias inteiras tentando se reorganizar, empresários perdendo reuniões importantes, pessoas com medo de não chegar a tempo em compromissos essenciais. É, definitivamente, não é um dia fácil para a aviação brasileira.