
Às vezes a rotina de uma cidade pacata é quebrada por eventos que ficam gravados na memória coletiva. Foi exatamente isso que aconteceu naquele 9 de outubro de 2015, uma sexta-feira como qualquer outra — até deixar de ser.
O céu sobre São José do Rio Preto, que normalmente abriga apenas o vai e vem de aviões comerciais, testemunhou algo terrível. Um monomotor, daqueles pequenos que quase parecem brinquedos vistos daqui de baixo, começou a enfrentar problemas. Sabe quando algo simplesmente dá errado, sem aviso prévio? Pois é.
O momento do impacto
O que deveria ser um pouso de emergência no aeroporto de Rio Preto se transformou numa cena de pesadelo. O avião, um Cessna 210 que havia decolado de São Carlos, simplesmente não conseguiu chegar ao destino.
Imagine a cena: uma casa comum, com quintal, árvores, o cotidiano de uma família qualquer. De repente, o barulho ensurdecedor de um motor falhando. E então... o impacto.
O que restou foi destruição. A aeronave atingiu em cheio o quintal da residência localizada na Rua Soldado-Polícia Militar Sebastião Alves dos Santos, no Jardim das Orquídeas. O local, que deveria ser um espaço de tranquilidade, transformou-se num cenário de caos.
As vítimas da tragédia
Dentro da aeronave estavam três pessoas — todas com histórias interrompidas abruptamente. O piloto José Carlos de Souza, de 59 anos, um homem experiente que conhecia os céus como a palma da mão. Ao seu lado, o casal Antonio Donizete Nascimento, de 55 anos, e Maria Helena Ramos do Nascimento, de 49.
Três vidas que simplesmente... se foram. Num piscar de olhos.
O que me deixa pensando até hoje é como a sorte — ou a falta dela — opera. A queda aconteceu num quintal, não numa casa. Se tivesse sido alguns metros adiante... bem, prefiro nem especular.
As investigações e o legado
O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA) mergulhou fundo no caso. Afinal, o que poderia ter causado a queda? Os especialistas examinaram cada fragmento, cada peça da aeronave destruída.
O laudo técnico apontou para uma falha no motor como provável causa. Às vezes são os detalhes mais técnicos, mais mecânicos, que decidem entre a vida e a morte. Uma peça que falha, um componente que não funciona como deveria — e o destino de três pessoas é selado.
Oito anos se passaram. Para a maioria de nós, é apenas uma data no calendário. Mas para as famílias das vítimas? Para os vizinhos que testemunharam a cena? Para os bombeiros que trabalharam nos escombros? Essas marcas não se apagam com o tempo.
Hoje, quando avistamos um pequeno avião cruzando os céus de Rio Preto, dificilmente deixamos de lembrar. A memória daquela sexta-feira fatídica permanece — um lembrete silencioso da fragilidade que nos cerca.
A cidade seguiu em frente, como sempre acontece. Novas construções surgiram, crianças cresceram, a vida continuou. Mas essa história, essa tragédia que uniu o céu e a terra de forma tão brutal, permanece como parte da história da nossa aviação regional.
Quem diria que o quintal de uma casa comum se tornaria o palco de uma das páginas mais tristes da aviação em Rio Preto? A vida prega essas surpresas — algumas delas, infelizmente, amargas.