
A notícia chegou como um soco no estômago para quem conhecia aquela família. Na quinta-feira, 10 de outubro de 2025, Goiânia acordou mais triste. Dois profissionais brilhantes, cada um na sua área, partiram de forma abrupta e inexplicável.
Mônica Rassi, aos 48 anos, não era apenas mais uma defensora pública. Ela era aquela voz firme que muitos não tinham. Trabalhava na Defensoria Pública do Estado de Goiás, sim, mas seu verdadeiro ofício era restaurar esperanças. Formada pela Universidade Federal de Goiás, ela escolheu o caminho mais difícil: defender quem não podia pagar. E fazia isso com uma paixão que contagiava.
Dois Destinos Entrelaçados
Alberto Rassi Jr, 52 anos, era daqueles médicos que ainda acreditam no poder do olho no olho. Cardiologista renomado, formado pela mesma Federal de Goiás que a esposa, ele construiu uma carreira sólida no Hospital de Doenças Tropicais. Conhecia cada paciente pelo nome - detalhe raro nos dias de hoje.
O casal tinha uma história que parecia saída de romance. Mais de vinte anos juntos, criando os dois filhos que agora ficam. Uma vida aparentemente perfeita, até que a fatalidade resolveu bater à porta.
O Que Aconteceu Naquela Noite?
Os detalhes ainda são escassos, mas o que se sabe é suficiente para gelar o sangue. Um vazamento de gás na residência do casal, no Setor Marista. Algo tão comum, tão doméstico, tão... evitável. E ainda assim aconteceu.
Os bombeiros encontraram uma cena que prefeririam não descrever. Dois corpos, duas vidas interrompidas no meio dos seus planos. O laudo preliminar aponta para inalação de fumaça. Parece tão técnico quando se lê assim, mas esconde o drama humano por trás.
O Vazio Que Fica
Na Defensoria Pública, o clima é de incredulidade. "Ela era nossa consciência", disse uma colega que preferiu não se identificar. "Sempre a primeira a chegar e a última a sair. Acreditava que o direito deveria servir às pessoas, não o contrário."
Já no hospital onde Alberto trabalhava, o silêncio pesa mais que as palavras. "Perdemos não apenas um excelente médico, mas um ser humano excepcional", desabafou o diretor da unidade. "Ele tinha aquela rara combinação de competência técnica e sensibilidade humana."
Os filhos do casal, ainda jovens demais para tamanha dor, estão sendo acompanhados por familiares. A vida, cruelmente, segue em frente mesmo quando tudo parece ter parado.
Além do Luto
Essa tragédia serve como alerta para algo que muitos negligenciamos no dia a dia. A segurança doméstica. Quantas vezes deixamos de verificar aquele botijão, aquela mangueira, aquele pequeno detalhe que pode fazer toda diferença?
Mônica e Alberto eram, por profissão, pessoas que preveniam riscos. Ela contra as injustiças do sistema. Ele contra as doenças do coração. Ironia do destino que não conseguiram se proteger do perigo dentro da própria casa.
Goiânia perdeu dois dos seus melhores. A defensora que lutava pelos invisíveis e o médico que cuidava dos corações alheios. Partiram juntos, como viveram. E deixam uma lição dura sobre como a vida pode ser frágil.