Tragédia em Boa Vista: Tio e Sobrinho Pescadores Morrem em Queda de Muro na Ville Roy
Tio e sobrinho pescadores morrem em queda de muro em Boa Vista

O sol de Boa Vista testemunhou na última segunda-feira (18) uma daquelas cenas que a gente nunca esquece – e que gostaria de nunca ter visto. Um silêncio pesado, quebrado apenas pelo som de sirenes, tomou conta do residencial Ville Roy. No centro da tragédia, duas vidas ceifadas de forma brutal e, o que é pior, absolutamente evitável.

Eram por volta de 15h30 quando o mundo desabou literalmente sobre José Ribamar Leite da Silva, de 62 anos, e seu sobrinho, Wanderson Leite da Silva, de apenas 31. Não era uma metáfora. Um muro de contenção, aquele que deveria proteger, simplesmente capitulou. A estrutura de quase três metros de altura não deu aviso, não deu chance. Soterrou os dois homens que, ironia do destino, trabalhavam justamente consertando outro muro no mesmo local.

Ah, a vida prega umas peças terríveis, não prega? Eles estavam ali, suando a camisa, fazendo um serviço honesto. José, com sua experiência de décadas, e Wanderson, provavelmente aprendendo com o tio, como sempre fez. A pesca era seu ganha-pão, mas a reforma era um bico, aquele corre extra que todo brasileiro conhece tão bem.

Uma Família Destruída em Segundos

O Corpo de Bombeiros chegou rápido, mas às vezes rápido não é o suficiente. Encontraram José primeiro. Já não havia mais nada a ser feito. Wanderson, ainda com um fio de vida, foi corrido para o Hospital Geral de Roraima. Uma corrida contra o tempo que, infelizmente, perdemos. Ele não resistiu aos ferimentos.

Imagina a cena na família. Dois telefonemas para dar a mesma notícia horrível. Uma dor que se multiplica. Eles não eram apenas parentes, eram companheiros de trabalho, de vida. Deixaram para trás histórias, sonhos interrompidos e uma família agora navegando em um mar de luto.

O que Resta: Perguntas e um Alerta

A Polícia Técnico-Científica fez seu trabalho, laudos vão sair. Vão nos dizer a causa técnica da queda: talvez falta de manutenção, talvez um erro de cálculo na obra. Mas nenhum laudo vai devolver os pais, o tio, o sobrinho. O que fica é um alerta surdo para a precariedade que ainda assombra tantos canteiros de obras pelo Brasil.

Essa história me fez parar para pensar. Quantas vezes passamos por um serviço sendo feito rápido e barato e não questionamos a segurança? É um preço que ninguém deveria pagar. Dois pescadores de Boa Vista pagaram com a vida. E a gente fica aqui, só olhando, se perguntando quando é que a segurança vai virar prioridade de verdade, e não só um item cortado para caber no orçamento.