
Era para ser mais um dia comum de trabalho. Mas o que começou como uma rotina burocrática no prédio do IBGE em Brasília se transformou num pesadelo de fogo e fumaça que ninguém poderia prever. Um vídeo que circula nas redes sociais — e que dói de assistir — mostra a coragem quase desesperada dos servidores tentando, com extintores improvisados, barrar o avanço das chamas que consumiriam tudo.
Dá pra ver nos rostos: uma mistura de determinação e pânico. Eles sabiam o risco, mas continuaram. Até quando? Até não dar mais. A tragédia que viria depois deixaria famílias inteiras de luto e uma pergunta no ar: como algo assim pôde acontecer?
O que as câmeras registraram
Nas imagens, que parecem ter sido gravadas por um celular tremendo — quem filmaria algo assim com calma? —, dá pra identificar pelo menos três funcionários usando aqueles extintores vermelhos de parede, daqueles que a gente sempre ignora nos corredores. A fumaça já engrossava, tornando o ar irrespirável. Um deles, de camisa azul, tossia enquanto apontava o jato de pó químico para o teto, onde as labaredas começavam a lamber as vigas.
Numa sala ao fundo, outros dois colegas arrastavam pastas e computadores, tentando salvar o que dava. Documentos de anos de pesquisa, talvez. Dados que nunca mais seriam recuperados. A última cena mostra uma porta sendo fechada às pressas, enquanto um grito abafado ecoava: "Saiam! Agora!".
Depois do fogo, as perguntas
Os bombeiros chegaram rápido, dizem. Mas rápido o bastante? O prédio — um daqueles blocos administrativos dos anos 80 que nunca passaram por reforma decente — não resistiu. E com ele, vidas se foram. Agora, a Defesa Civil e o Ministério Público querem respostas. O laudo preliminar fala em "curto-circuito em instalações antigas", mas todo mundo sabe que essa é só a ponta do iceberg.
- Quando foi a última vistoria elétrica?
- Por que os sprinklers não acionaram?
- Quantas outras repartições públicas estão com risco iminente?
Enquanto isso, nas redes, colegas de trabalho compartilham histórias sobre os que se foram. "Era o cara que sempre trazia bolo de pote nas sextas", diz uma postagem. Outra lembra da estagiária que "organizava campanhas para doar cobertores no inverno". Pessoas. Não números.
O IBGE emitiu nota falando em "profundo pesar" e prometendo apoio às famílias. Mas, cá entre nós, de que vale o luto institucional se os prédios continuam sendo armadilhas de concreto esperando para pegar fogo?