Incêndio em Hong Kong: 44 mortos em tragédia com andaimes de bambu
Incêndio em Hong Kong deixa 44 mortos

Tragédia em Hong Kong expõe riscos de método tradicional de construção

Um violento incêndio atingiu na quarta-feira (26) um complexo residencial em Hong Kong, resultando em 44 mortes confirmadas e deixando 45 pessoas internadas em estado grave. O sinistro no Wang Fuk Court, no distrito de Tai Po, é considerado o mais mortal dos últimos 30 anos na região.

Como as chamas se espalharam rapidamente

As investigações iniciais apontam que o fogo se alastrou com velocidade assustadora através das telas verdes de proteção e andaimes de bambu que revestiam os edifícios em reforma. A polícia de Hong Kong confirmou que os materiais não cumpriam os padrões de segurança contra incêndio.

Segundo a superintendente Eileen Chung, "temos motivos para acreditar que os responsáveis da empresa foram extremamente negligentes". Três funcionários da construtora foram detidos sob suspeita de homicídio culposo.

Bambu: tradição que persiste em Hong Kong

O uso de andaimes de bambu é uma prática centenária na China, remontando inclusive à construção da Grande Muralha. Em Hong Kong, cerca de 2.500 montadores de andaimes de bambu permanecem registrados, embora o número de profissionais que trabalham com estruturas metálicas seja três vezes maior.

As estruturas de bambu são normalmente cobertas com telas verdes para conter detritos, formando uma paisagem familiar no centro financeiro do território. Entretanto, esta tradição agora está sob escrutínio após a tragédia.

Autoridades prometem investigação rigorosa

O líder de Hong Kong, John Lee, anunciou a criação de uma força-tarefa para investigar as causas do incêndio. "Se houver irregularidades, vamos responsabilizar de acordo com a lei", afirmou Lee, destacando que o Departamento de Edificações verificará se as paredes externas atendem aos padrões de resistência ao fogo.

O governo também determinou inspeções em todos os projetos em andamento para revisar o cumprimento das normas de segurança. Desde março, 50% dos novos contratos de obras públicas devem utilizar andaimes metálicos.

Dados oficiais revelam que entre 2019 e 2024 ocorreram 22 mortes envolvendo montadores de andaimes de bambu. Apesar dos riscos, em julho passado o secretário do Trabalho, Chris Sun, afirmou que o governo não tinha intenção de proibir o uso do material.

Este não é o primeiro incidente do tipo neste ano. Em outubro, um grande andaime de bambu pegou fogo na Torre Chinachem, no distrito comercial central, e a Associação pelos Direitos das Vítimas de Acidentes de Trabalho registrou pelo menos outros dois casos similares em 2024.