Um incêndio de proporções históricas consumiu um complexo de arranha-céus em Hong Kong na semana passada, resultando na morte de 156 pessoas e tornando-se o mais letal da história do território. As chamas, que começaram no dia 26 de novembro de 2025, no conjunto habitacional Wang Fuk Court, no distrito de Tai Po, levaram cerca de 48 horas para serem controladas, mobilizando centenas de bombeiros.
Detalhes da Tragédia e a Busca por Sobreviventes
Os corpos das vítimas foram encontrados por equipes de bombeiros em escadarias e próximos aos telhados dos edifícios, locais onde os moradores ficaram presos ao tentar fugir do fogo e da fumaça densa. Até a última atualização, cerca de 30 pessoas continuam desaparecidas. As buscas já foram concluídas em cinco dos sete prédios de 31 andares atingidos pelo sinistro.
O governo local informou que as doações para os sobreviventes já somam 900 milhões de dólares de Hong Kong (cerca de R$ 618 milhões). A comunidade demonstrou sua comoção com um fluxo constante de pessoas deixando flores e homenagens em um memorial improvisado próximo aos edifícios destruídos.
Investigação Aponta Falhas Graves em Reformas
O chefe do Executivo de Hong Kong, John Lee, anunciou a criação de um comitê independente liderado por um juiz para investigar as causas do desastre. As atenções se voltaram para as obras de reforma que estavam em andamento nos prédios. Autoridades confirmaram que as telas verdes usadas para cobrir os tradicionais andaimes de bambu não cumpriam os padrões de retardamento de fogo.
Pior ainda, os empreiteiros teriam instalado esses materiais inflamáveis em áreas de difícil acesso, escondendo-os efetivamente da inspeção. Além disso, a espuma isolante usada para vedar janelas também serviu como combustível para as chamas. Outro fato grave revelado foi que os alarmes de incêndio do complexo não funcionavam corretamente no momento da tragédia.
Esta informação contrasta com um comunicado do Departamento do Trabalho de Hong Kong, que em 2024 havia informado aos moradores do Wang Fuk Court, após reclamações, que o local apresentava um "risco de incêndio relativamente baixo".
Contexto Histórico e Repercussões
O incêndio reacendeu o debate sobre segurança em construções altas em Hong Kong. A tragédia mais mortal anterior ocorreu em 1996, com 41 mortes, e levou a mudanças nas regras do setor. O uso de andaimes de bambu, uma prática tradicional na arquitetura local, já estava sob escrutínio após 22 mortes de trabalhadores entre 2019 e 2024. Este é pelo menos o terceiro incêndio envolvendo essa estrutura registrado apenas em 2025.
As consequências do incêndio foram vastas: uma seção da rodovia Tai Po foi fechada, linhas de ônibus desviadas e quarteirões vizinhos isolados. Até o momento, 15 pessoas foram detidas sob suspeita de ligação com o incêndio, incluindo duas novas prisões anunciadas nesta semana. Entre as vítimas fatais estão nove trabalhadoras domésticas da Indonésia e uma das Filipinas, refletindo a diversidade da comunidade residente no complexo, que abrigava cerca de 4,6 mil pessoas em dois mil apartamentos.