Hong Kong iniciou oficialmente neste sábado, 29 de novembro de 2025, um período de três dias de luto pelas vítimas do trágico incêndio que atingiu o conjunto residencial Wang Fuk Court, localizado no distrito de Tai Po. O saldo da tragédia é de 128 pessoas mortas, representando o maior número de vítimas fatais em um incêndio na cidade em quase oito décadas.
Cerimônia oficial e homenagens às vítimas
A cerimônia solene ocorreu em frente à sede do governo de Hong Kong, com a presença do chefe do Executivo, John Lee, e outras autoridades locais. Durante o evento, os participantes observaram um minuto de silêncio inicial, seguido por mais três minutos dedicados especificamente à memória das vítimas da tragédia.
O governo local organizou pontos de homenagem em diversos locais da cidade, onde a população pode prestar suas condolências e assinar livros de recordação. Além das 128 mortes confirmadas, aproximadamente 200 pessoas permanecem desaparecidas, incluindo 19 trabalhadoras domésticas originárias das Filipinas.
Investigação aponta múltiplas falhas
O incêndio teve início na tarde de quarta-feira, 26 de novembro, nos tradicionais andaimes de bambu que estavam instalados nas torres do Wang Fuk Court, que passava por obras de reforma. O conjunto residencial abriga mais de 4.600 moradores distribuídos em aproximadamente 1.800 apartamentos.
As investigações iniciais indicam uma combinação preocupante de fatores: negligência operacional, falhas estruturais significativas e possível corrupção envolvendo a reforma do edifício. Para combater as chamas, foram mobilizados mais de 800 bombeiros, com suporte de 128 caminhões e 57 ambulâncias.
Detenções e responsabilidades
O órgão anticorrupção de Hong Kong já efetuou a prisão de oito pessoas ligadas diretamente às obras de reforma, incluindo um consultor de engenharia, um subcontratado responsável pelos andaimes e um intermediário. No dia anterior às detenções atuais, a polícia já havia prendido dois diretores e um engenheiro da Prestige Construction, empresa responsável pelas melhorias no edifício.
Os investigados enfrentam acusações de homicídio culposo e utilização de materiais altamente inflamáveis, especificamente placas de espuma que bloqueavam janelas e podem ter acelerado dramaticamente a propagação do fogo. A empresa envolvida ainda não se manifestou publicamente sobre as acusações.
A investigação também examina possíveis irregularidades no processo de contratação da obra. O secretário de Segurança, Chris Tang, confirmou publicamente que os alarmes de incêndio falharam durante a emergência. Moradores relataram que as telas e andaimes instalados para a reforma criaram um ambiente que facilitou o avanço rápido das chamas.
Um dado especialmente preocupante revela que, mesmo após queixas registradas em 2024, o governo havia classificado o local como de "baixo risco" de incêndio.
Resposta humanitária e apoio às vítimas
Diante da dimensão da tragédia, mais de 900 voluntários organizaram um centro de apoio improvisado em um shopping center próximo, distribuindo alimentos, roupas, produtos de higiene e oferecendo assistência psicológica às famílias desabrigadas.
John Lee anunciou a criação de um fundo de auxílio equivalente a US$ 39 milhões para assistir os sobreviventes da tragédia. Grandes empresas chinesas já se comprometeram com doações adicionais para ampliar o suporte às vítimas e suas famílias.