Incêndio em Hong Kong deixa 83 mortos e 50 desaparecidos
Incêndio em Hong Kong: 83 mortos e 50 desaparecidos

Tragédia em complexo residencial deixa Hong Kong em luto

Um violento incêndio que atingiu o distrito de Tai Po, em Hong Kong, já causou a morte de 83 pessoas, segundo o mais recente balanço divulgado pelo Corpo de Bombeiros local. O sinistro, que começou na quarta-feira (26), destruiu parcialmente edifícios residenciais do complexo Wang Fuk Court e deixou um rastro de destruição que mobiliza equipes de resgate até o momento.

As buscas continuam por 50 pessoas consideradas desaparecidas, todas elas haviam feito contato com as autoridades pedindo socorro, mas não foram localizadas até a tarde de quinta-feira (27). As equipes de resgate trabalham para alcançar as áreas mais afetadas agora que o fogo foi controlado em todas as torres do complexo.

Detalhes da tragédia e números atualizados

O incêndio consumiu rapidamente vários blocos do Wang Fuk Court, um conjunto habitacional que passava por obras de renovação e estava cercado por andaimes de bambu. De acordo com os bombeiros, o fogo foi completamente extinto em 4 torres e controlado em outras 3 do complexo que abriga quase 2.000 unidades residenciais.

Além das vítimas fatais, as autoridades confirmaram que 76 pessoas ficaram feridas, incluindo 11 bombeiros que atuavam no combate às chamas. O governo de Hong Kong já anunciou a criação de um fundo de auxílio às vítimas que já reuniu US$ 38 milhões em doações de empresas e entidades.

O volume de doações foi tão expressivo que voluntários começaram a recusar roupas e mantimentos adicionais, pois já havia material suficiente para atender às vítimas resgatadas.

Investigação aponta negligência e leva a prisões

A polícia de Hong Kong já deteve três pessoas que trabalhavam na construtora responsável pelas obras no complexo. Os suspeitos foram presos sob a acusação de homicídio culposo após investigações preliminares indicarem graves irregularidades.

Eileen Chung, superintendente da polícia de Hong Kong, foi enfática ao afirmar que houve "extrema negligência" por parte dos responsáveis. As investigações revelaram que os prédios estavam cobertos com telas de proteção e plástico que não atendiam aos padrões de segurança contra incêndio.

Um detalhe preocupante foi descoberto em uma construção não afetada pelo fogo: as janelas estavam seladas com material de espuma instalado pela construtora durante os trabalhos de manutenção, o que teria contribuído para a propagação descontrolada das chamas.

Problema crônico com andaimes de bambu

Hong Kong é um dos últimos lugares do mundo que ainda utiliza andaimes de bambu na construção civil. Embora o governo tenha anunciado em março deste ano o início da eliminação gradual desse material, a medida não citava explicitamente riscos de incêndio como motivo para a mudança.

Dados da Associação para os Direitos das Vítimas de Acidentes de Trabalho em Hong Kong revelam que este é pelo menos o terceiro incêndio envolvendo andaimes de bambu apenas neste ano.

Esta tragédia marca o incêndio mais mortal em Hong Kong desde novembro de 1996, quando um fogo causado por trabalhos de soldagem em um edifício comercial no distrito de Kowloon matou 41 pessoas. Na ocasião, a investigação resultou em significativas atualizações nos padrões de construção e normas de segurança contra incêndio.

O líder chinês Xi Jinping acompanhou de perto a situação e pediu um "esforço total" para extinguir o incêndio e minimizar vítimas e prejuízos, conforme informou a emissora estatal CCTV.

O complexo Wang Fuk Court, inaugurado em 1983, faz parte de um programa de subsídios para casa própria do governo local de Hong Kong e está localizado próximo à divisa do território autônomo com o restante da China.