Incêndio em Hong Kong mata 128 e expõe falhas em alarmes
Incêndio em Hong Kong: 128 mortos e alarmes falharam

Falha em alarmes agrava tragédia em incêndio histórico de Hong Kong

Um incêndio devastador no conjunto residencial Wang Fuk Court, em Hong Kong, resultou em pelo menos 128 mortos, tornando-se o pior desastre do tipo desde 1948. As chamas consumiram o complexo de oito torres enquanto os sistemas de segurança falhavam crucialmente.

O Corpo de Bombeiros confirmou que os alarmes de incêndio não funcionaram durante a tragédia, após testes realizados após o controle das chamas. A confirmação oficial valida relatos de sobreviventes que afirmaram não ter ouvido qualquer alerta sonoro durante a evacuação.

Números da tragédia e esforços de identificação

Entre as vítimas fatais, 108 foram encontradas sem vida dentro dos edifícios, segundo informações das autoridades. A situação se mostra ainda mais dramática com 80 corpos que não puderam ser identificados, conforme declarou Chris Tang Ping-keung, secretário de Segurança de Hong Kong.

O número de desaparecidos chega a 200 pessoas, incluindo aquelas cujos corpos aguardam identificação. "Não descartamos a possibilidade de que mais corpos possam ser descobertos quando a polícia entrar nos prédios para investigações detalhadas", alertou Tang.

Os feridos totalizam 79 pessoas, sendo que 12 bombeiros estão entre os atingidos durante os trabalhos de resgate.

Negligência e ações judiciais

O diretor do Corpo de Bombeiros, Andy Yeung Yan-kin, anunciou que a corporação processará a empreiteira responsável pela reforma dos edifícios devido ao mau funcionamento dos equipamentos de segurança.

A polícia de Hong Kong revelou que os prédios estavam cobertos com telas de proteção e plástico que não atendiam aos padrões de segurança contra incêndio. Além disso, janelas de uma construção não afetada estavam seladas com material de espuma instalado pela construtora durante trabalhos de manutenção.

"Temos motivos para acreditar que os responsáveis da empresa foram extremamente negligentes", afirmou Eileen Chung, superintendente da polícia de Hong Kong.

Histórico de alertas ignorados

Documentos obtidos pela Reuters revelam que os moradores do complexo haviam sido informados pelas autoridades no ano passado que enfrentavam "riscos de incêndio relativamente baixos", mesmo após reclamações repetidas sobre os perigos representados pelas obras de renovação.

Em setembro de 2024, os residentes já manifestavam preocupações específicas sobre o potencial inflamável da malha protetora verde usada para cobrir os andaimes de bambu ao redor dos edifícios.

O Wang Fuk Court faz parte de um programa de subsídios para casa própria do governo local e foi inaugurado em 1983, abrigando quase 2.000 unidades residenciais.

Investigações e consequências

A Comissão Independente contra a Corrupção de Hong Kong anunciou a prisão de mais 6 pessoas suspeitas de envolvimento na reforma dos prédios, somando-se a dois diretores da empresa responsável que já haviam sido detidos.

Enquanto as investigações avançam, as famílias das vítimas enfrentam o doloroso processo de identificação através de fotografias tiradas pelos socorristas. "Apenas olhei alguma foto que talvez seja do corpo do meu pai. O corpo do meu pai ainda está desaparecido aqui", relatou Mirra Wong, de 48 anos, cujos pais moravam no complexo.

As doações para o fundo de auxílio às vítimas já ultrapassaram US$ 100 milhões, demonstrando a comoção gerada pela tragédia que expôs graves falhas na segurança predial e nos processos de fiscalização.