Imagine subir uma escada rolante e, de repente, ela para sem aviso. Agora multiplique esse susto por dez se você tem mais de 60 anos. É exatamente isso que tá rolando em algumas estações do metrô de São Paulo — e a situação tá longe de ser brincadeira.
Dona Maria, 72 anos, quase caiu na Estação Sé semana passada. "Foi um Deus nos acuda", conta ela, ainda tremendo. "Parecia que tava numa daquelas máquinas de malhar, sabe? Só que sem querer!"
O problema que ninguém vê (até cair)
Pois é. Enquanto a gente fica preocupado com celular roubado ou atraso no trem, tem uma galera sofrendo com um perigo silencioso:
- Escadas que travam do nada
- Velocidades que mudam sem aviso
- Degraus que "engasgam" no meio do caminho
E olha que os números assustam: só no primeiro semestre, foram 23 ocorrências registradas. Vinte e três! Dá quase uma por semana.
Do outro lado do balcão
A Companhia do Metropolitano — aquela que a gente sempre critica — diz que faz manutenção preventiva. Mas será que é suficiente? Um técnico que preferiu não se identificar soltou a franga: "Tem equipamento com peça remendada desde o governo passado..."
E não é só isso. A porca torce o rabo quando a gente descobre que:
- Algumas escadas têm mais de 15 anos de uso
- A troca preventiva acontece só depois de 20 anos
- O orçamento pra manutenção caiu 18% desde 2019
Parece piada, mas é tristeza.
E os idosos nisso tudo?
Aqui é que o bicho pega. Enquanto a gente discute se o problema é falta de verba ou má gestão, tem vovô e vovó arriscando o osso todo dia. Doutora Carla, geriatra do Hospital das Clínicas, não tem dúvida: "Queda em idoso não é brincadeira. Pode ser o início do fim."
E o pior? Muitos nem reclamam. É o famoso 'deixa pra lá' que pode custar caro. Se você conhece alguém nessa situação, fala pra procurar a Ouvidoria do Metrô. Ou melhor ainda: a Defensoria Pública.
No fim das contas, todo mundo envelhece — até as escadas rolantes. A diferença é que a gente merece um pouco mais de cuidado, não acha?
