
Era para ser mais uma tarde comum de domingo, dessas que a gente guarda na memória como um momento simples de alegria. Uma criança, que não teve a identidade revelada, pedalava sua bicicleta pela Rua dos Tucanos, no bairro Jardim das Flores em Tupã, quando o inesperado — e terrível — aconteceu.
Quem diria que um simples fio no ar poderia se transformar numa lâmina invisível? A linha de pipa, carregando aquela mistura perigosa de vidro e cola que chamam de cerol, cruzou o caminho do menino como uma armadilha silenciosa.
O momento do susto
O corte foi rápido, preciso e profundamente assustador. A linha atingiu o pescoço da criança com uma violência que ninguém — muito menos uma criança — deveria experimentar. Testemunhas contam que o menino sequer viu de onde veio o perigo. Uma armadilha que veio literalmente do céu.
E o pior: o ferimento não era superficial. Um corte profundo, daqueles que fazem o coração parar por um instante. A sorte — se é que podemos chamar assim — é que não atingiu artérias principais. Mas foi o suficiente para transformar um domingo tranquilo em cena de emergência.
A corrida contra o tempo
O socorro chegou rápido, graças a Deus. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) foi acionado imediatamente. Os paramédicos encontraram a criança consciente, mas com aquele ferimento que dava frio na espinha de qualquer um.
No hospital, os médicos confirmaram: corte profundo, mas estável. O menino recebeu os primeiros socorros no Pronto-Socorro Municipal de Tupã e depois foi transferido para a Santa Casa. A situação, segundo os profissionais de saúde, poderia ter sido muito, muito pior.
Um perigo que não é novidade
O que mais revolta nesses casos é que todo mundo sabe do risco. Cerol e linha chilena não são novidade nas ruas brasileiras. Todo verão a mesma história se repete — motociclistas, ciclistas, pedestres inocentes se tornam vítimas de uma "brincadeira" que deixou de ser inocente há muito tempo.
E a pergunta que não quer calar: até quando vamos conviver com essa roleta-russa urbana? Quantas crianças precisam ser feridas — ou algo pior — para que as pessoas entendam que cerol não é brincadeira, é arma?
O que dizem as autoridades
A Polícia Militar já foi acionada e investiga o caso. O problema é sempre o mesmo: identificar quem estava empinando a pipa naquele momento. Uma busca por agulhas — ou melhor, por linhas — num palheiro.
Enquanto isso, a criança se recupera. O susto ficou, a cicatriz física também — e a emocional, essa vai demorar bem mais para sarar. A família, em estado de choque, tenta processar como algo tão banal quanto andar de bicicleta pode se transformar num risco de vida.
O caso de Tupã serve de alerta para todo o Brasil. Cerol mata. E quando não mata, deixa marcas profundas — no corpo e na alma. Talvez seja hora de repensarmos se vale a pena arriscar a vida alheia por um pedaço de papel no céu.