
A Baía de Todos os Santos, normalmente tão generosa com seus filhos do mar, mostrou seu lado mais cruel neste fim de semana. O pescador Edvaldo Miranda dos Santos, de 52 anos, conhecido como Dadá, tinha saído para mais um dia de trabalho na sexta-feira (27) — mas dessa vez não voltou para casa.
O sumiço acionou um verdadeiro mutirão de buscas. Colegas de profissão, familiares e a Marinha do Brasil se uniram numa operação que varou a noite. A angústia crescia a cada hora que passava.
O Encontro Trágico
Foi só no sábado (28), por volta das 8h da manhã, que o pior se confirmou. O corpo de Dadá foi encontrado boando nas águas do Porto da Barra, aquele mesmo trecho onde tantos turistas se encantam com o pôr do sol. Ironia do destino, ou talvez apenas a triste realidade de quem vive do mar.
Testemunhas contam que ele havia saído para pescar sozinho, como fazia há décadas. O mar parecia calmo, nada que indicasse o perigo que se aproximava. Mas o oceano é assim — imprevisível, traiçoeiro.
Uma Vida no Mar
Dadá não era qualquer um. Tinha mais de trinta anos de experiência nas águas baianas. Conhecia cada recife, cada correnteza. Por isso o desaparecimento causou tanto espanto entre quem o conhecia.
"Ele era daqueles pescadores que parecia ter nascido com o sal no sangue", comentou um colega que preferiu não se identificar. "Ver uma coisa dessas acontecer com alguém tão experiente... mexe com a gente."
O Corpo de Bombeiros foi acionado ainda na sexta-feira, mas as buscas noturnas se mostraram particularmente difíceis. A escuridão transforma o mar num desafio ainda maior.
O Que Resta
Agora, o corpo está sob os cuidados do Instituto Médico Legal (IML). A Polícia Civil já abriu inquérito para investigar as circunstâncias da morte — procedimento padrão em casos como esse.
Enquanto isso, a comunidade pesqueira de Salvador se pergunta: quantos mais precisam se perder antes que medidas de segurança mais efetivas sejam implementadas? É uma pergunta que ecoa vazia diante do luto de uma família.
Restam as lembranças de um homem que escolheu o mar como ofício e, no fim, nele encontrou seu repouso final. A Baía de Todos os Santos ganhou mais uma história triste para contar.