Após morte de maratonista, moradores exigem segurança na LMG-868 em São Tomé das Letras
Moradores pedem melhorias na LMG-868 após morte de atleta

A comunidade de São Tomé das Letras, no Sul de Minas Gerais, está em movimento. A motivação é trágica: a morte do maratonista Juliano Moraes Castro, de 36 anos, atropelado na última semana na rodovia LMG-868. O caso, que comoveu a cidade, acendeu um alerta urgente sobre as condições perigosas dessa via, principal rota de treino para atletas da região.

Projeto Juliano de Castro: Uma Petição por Mudanças

A comoção gerada pela fatalidade se transformou em ação coletiva. Os moradores criaram uma petição online, batizada de Projeto Juliano de Castro, que em pouco tempo ultrapassou a marca de mil assinaturas. O documento formaliza um grito por segurança e será encaminhado às autoridades competentes.

As reivindicações são claras e focadas na prevenção de novas tragédias. Os signatários pedem a criação de um plano de mobilidade segura e obras de infraestrutura na LMG-868. As demandas específicas incluem:

  • Implantação de acostamento ao longo da pista.
  • Instalação de guarda-corpos em áreas de risco.
  • Construção de uma pista adequada e segregada para pedestres e ciclistas.
  • Reforço e modernização da sinalização de trânsito.

O foco do projeto são os trechos mais críticos: o caminho entre o Centro Urbano e o bairro Pontinha, e a rota que segue até a Copasa e o Bar do Joni, na região do Cantagalo. São exatamente essas áreas, de intenso uso por corredores, que hoje apresentam pista simples, ausência total de acostamento, asfalto remendado e um fluxo intenso de caminhões carregados de pedras.

Risco Diário e Estratégias de Sobrevivência

Para atletas locais, a LMG-868 não é uma opção, mas a única opção. Jade, uma adolescente que treina diariamente no local, resume o sentimento de insegurança: "Aqui tem muitos carros, acho perigoso treinar aqui por causa disso. Eles podiam fazer umas calçadas e colocar sinalização".

Enquanto as melhorias não saem do papel, os corredores adotam táticas caseiras para tentar se proteger. Eles correm de frente para o fluxo de veículos para ter melhor visibilidade, usam roupas com materiais refletivos e preferem treinar em grupo para aumentar a presença na pista. Mesmo assim, reconhecem que o risco permanece elevado sem uma intervenção efetiva do poder público.

Resposta das Autoridades e Próximos Passos

A mobilização já chegou à Câmara Municipal, que realizou uma audiência pública para discutir o tema. Vereadores se comprometeram a levar o abaixo-assinado pessoalmente ao Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG), em Varginha, cobrando providências urgentes para a rodovia que liga São Tomé das Letras a Três Corações.

A Prefeitura de São Tomé das Letras, por sua vez, emitiu uma nota informando sobre ações em andamento. A administração municipal afirmou que instalará em breve sinalização na região do Cantagalo, com atenção especial à Curva da Biquinha, local onde outro morador faleceu após uma queda em junho. Além disso, estuda a colocação de guarda-corpos em áreas com precipício e informou que o calçamento em bloquete já avança em vários pontos da estrada.

A Polícia Militar Rodoviária declarou que mantém ações de policiamento no trecho, mas não recebeu solicitações formais sobre a LMG-868. O DER-MG, órgão estadual responsável pela rodovia, não se manifestou até o momento sobre as reivindicações da comunidade.

A morte de Juliano Castro expôs uma ferida urbana que vai além de um acidente isolado. Ela revela a vulnerabilidade de quem depende de uma infraestrutura precária para trabalhar, se locomover ou praticar esportes. Agora, a cidade aguarda para ver se a tragédia será suficiente para acelerar as transformações que a LMG-868 há muito precisa.