Mal súbito ao volante: perigo real nas estradas brasileiras
O mal súbito ao volante tem se revelado uma das principais causas de acidentes de trânsito no Brasil, com números alarmantes que preocupam especialistas e autoridades. Dados recentes mostram que apenas nas rodovias federais, este problema foi responsável por 811 acidentes no ano passado.
Em 2025, até setembro, já foram registrados 590 ocorrências de mal súbito ao volante, resultando em 1.220 pessoas feridas e 359 mortes. Estes números tornam-se ainda mais preocupantes quando consideramos que as estatísticas não incluem estradas estaduais e vias municipais, indicando que a realidade pode ser muito mais grave.
Casos que chocaram o país
Na última quarta-feira (12), em São Paulo, uma cena de suspense foi registrada por câmeras de segurança. Um ônibus com 20 passageiros invadiu um estacionamento na Zona Oeste após o motorista Eriosvaldo sofrer um mal súbito. O condutor, que é hipertenso e faz uso contínuo de medicamentos, revelou que após o acidente o SAMU constatou sua pressão arterial em 20 por 9, um quadro considerado severo.
"Eu só sinto que eu estava subindo e quando do nada eu já não vi mais nada", contou Eriosvaldo, emocionado e sem lembrar do ocorrido.
Hélio Alves da Silva, que estava no estacionamento, teve um escape milagroso. Ele havia saído do carro para atender uma ligação minutos antes. "Terminei a ligação, só vi o ônibus vindo de lá pra cá, desgovernado. Parecia coisa de filme, sabe?", relatou o homem aliviado. O acidente aconteceu em uma das avenidas mais movimentadas da cidade, por onde circulam 80 mil pessoas diariamente.
Outros casos preocupantes
No sábado (8), outro incidente impressionante ocorreu na Zona Sul da capital paulista. Raílson, também hipertenso, perdeu o controle do veículo e desceu uma escadaria com 74 degraus após sofrer um mal súbito. O motorista confessou que passa por um momento difícil e, naquele dia específico, havia esquecido de tomar sua medicação para pressão.
"Não tenho nenhuma lembrança, nem no primeiro impacto. Como se eu tivesse apagado", desabafou Raílson, que felizmente não se feriu e, milagrosamente, não atingiu nenhum pedestre durante a queda vertiginosa.
Um problema nacional
Uma reportagem do Fantástico revelou que situações como estas não são incomuns no território brasileiro. Em São Benedito, no Ceará, o motorista de uma van colidiu com um carro e atingiu uma moto. Em Ituverava, interior de São Paulo, um automóvel desgovernado atingiu um poste. Já em Campinas, outro veículo invadiu a calçada e quase atropelou uma pedestre. Em todos esses episódios, os condutores alegaram ter sofrido mal súbito.
Segundo o Dr. Flavio Emir Adura, diretor científico da Abramet, o mal súbito representa um evento médico agudo que pode incluir parada cardíaca, desmaio ou convulsão. O especialista destacou que, conforme pesquisas internacionais, o mal súbito é responsável por 5% a 10% dos sinistros graves no trânsito.
O médico detalhou as causas mais frequentes: "A primeira causa é a cardiológica. É o infarto do miocárdio, são as arritmias cardíacas". A segunda causa mais comum é o acidente vascular cerebral (AVC). Dr. Flavio também citou a hipoglicemia (queda brusca do açúcar no sangue) e crises de epilepsia, além do uso de álcool, drogas ou medicamentos controlados.
Prevenção: a chave para evitar tragédias
Embora o mal súbito possa afetar qualquer pessoa, a prevenção surge como elemento fundamental para reduzir esses acidentes. A orientação médica é clara: pessoas com doenças crônicas devem buscar o melhor controle possível de suas condições de saúde.
"Jamais dirija num dia que está se sentindo mal", aconselhou o Dr. Flavio Adura, enfatizando a importância do autocuidado e da responsabilidade ao volante.
Os especialistas recomendam que motoristas com condições médicas preexistentes mantenham rigoroso acompanhamento médico, nunca interrompam medicações prescritas e evitem dirigir quando apresentarem qualquer sinal de mal-estar. Essas simples medidas podem fazer a diferença entre a vida e a morte nas estradas brasileiras.