Uma obra de mobilidade urbana inacabada e sem sinalização adequada é apontada como a causa de mais uma morte trágica em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Ângelo Antônio Alvarenga Peres, de 23 anos, perdeu a vida no último sábado (29), após o carro em que estava colidir com uma mureta de concreto na Avenida Gunter Hans, no bairro Aero Rancho.
A "Mureta da Morte" e a Revolta dos Moradores
O acidente, registrado por câmeras de segurança, reacendeu a revolta da comunidade local com as obras do corredor de ônibus, que se arrastam há anos. A estrutura de concreto que causou o impacto é parte de um projeto antigo para criar um canteiro central exclusivo para o transporte coletivo. No entanto, mesmo com a pista em desnível e as obras visíveis, a mureta não conta com sinalização que alerte os motoristas durante a noite.
Moradores, como a professora Cilene Silva, são enfáticos ao descrever o perigo. "Essa mureta é considerada a mureta da morte. Não é o primeiro acidente que acontece, muitas vidas são ceifadas aqui por essa obra inacabada", desabafa. Ela lamenta a substituição de um canteiro arborizado pela estrutura atual e questiona: "Até quando vamos ficar com essa mureta?".
Detalhes da Tragédia e Investigação
O acidente ocorreu na noite de sábado. De acordo com a Polícia Militar, Ângelo estava no banco do passageiro no momento da colisão frontal com a mureta. O Corpo de Bombeiros foi acionado, mas o jovem não resistiu aos ferimentos e morreu no local. O impacto foi de tal violência que destruiu o veículo, cujos destroços só foram removidos na manhã da segunda-feira (1).
O motorista, que não teve a identidade divulgada, foi socorrido em estado grave e encaminhado à Santa Casa. A Polícia Civil abriu investigação para apurar as causas exatas do acidente. Ângelo foi sepultado na manhã de segunda-feira.
Prefeitura Culpa Furtos e Prevê Conclusão para 2026
Em nota, a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep) informou que a conclusão das obras do corredor de ônibus das avenidas Marechal Deodoro e Gunter Hans está prevista para março de 2026. O projeto inclui a construção de quatro estações de embarque e desembarque entre os terminais Bandeirantes e Aero Rancho.
A pasta afirmou que instala cones e cavaletes de segurança nas áreas em obras, mas alega que há "furto recorrente" desses equipamentos, o que comprometeria temporariamente a sinalização. A Sisep destacou que, desde a retomada dos trabalhos na via, não havia registrado ocorrências de acidentes e que todas as medidas de segurança são adotadas conforme as normas técnicas.
A tragédia coloca um holofote urgente sobre a segurança em canteiros de obras de longo prazo no espaço urbano e a responsabilidade do poder público em garantir que intervenções não se transformem em armadilhas para a população, enquanto aguardam sua finalização.
