
Era pra ser mais um dia comum na vida daquele jovem cheio de planos. Mas o destino — esse artista caprichoso — resolveu escrever um final diferente. Na madrugada de quinta-feira (17), a BR-153 virou palco de uma daquelas cenas que a gente nunca esquece: um ônibus e uma carreta se encontraram da pior maneira possível.
Entre as vítimas, um nome que dói mencionar: Lucas Mendes, 22 anos. Não era só mais um estudante da UFPA. Era aquele tipo de pessoa que faz você acreditar que o mundo pode ser melhor. "Ele tinha um brilho nos olhos quando falava de educação", conta Marina, amiga desde o ensino médio, tentando segurar as lágrimas.
O sonho interrompido
Lucas carregava nas costas — e no coração — um projeto ambicioso. Queria criar uma rede de ensino popular nas periferias de Goiânia. "Educação não é privilégio, é direito", repetia sempre, como um mantra. Na mochila, além dos livros da faculdade, levava rascunhos do que chamava de "sua revolução silenciosa".
O acidente aconteceu por volta das 3h15, no km 215 da rodovia. Testemunhas falam em neblina e possibilidade de sono ao volante. Mas esses detalhes técnicos pouco importam pra quem perdeu alguém assim.
O luto dos que ficaram
A casa da família Mendes virou um vaivém de gente. Vizinhos, professores, colegas de militância — todos tentando entender o inexplicável. Dona Maria, mãe de Lucas, segura um caderno cheio de anotações do filho: "Ele dizia que ia mudar o Brasil começando pela sala de aula. Agora...". A frase fica pela metade.
Na UFPA, onde Lucas cursava Pedagogia, já planejam uma homenagem. "Perdemos não só um aluno, mas uma mente brilhante", desabafa o coordenador do curso. Nas redes sociais, a hashtag #EducaçãoComoLucas viralizou, com centenas de relatos sobre como ele inspirava até quem mal conhecia.
Enquanto isso, na BR-153, restaram marcas no asfalto e perguntas no ar. Quantos "Lucas" precisamos perder até levar a sério a segurança nas estradas? A pergunta ecoa, sem resposta.