
Era um dia como qualquer outro — até que não foi. O sol castigava o asfalto da BR-070 quando um simples pedalar virou pesadelo. "Parecia cena de filme", conta o ciclista, ainda assustado. Um ônibus desgovernado, uma freada brusca que não veio a tempo, e... bang! A vida dele virou de cabeça pra baixo.
Miraculosamente, ele sobreviveu. Mas as cicatrizes? Ah, essas vão muito além da pele. "Acordei no hospital com a sensação de que tinha sido atropelado por um trem", desabafa. Fraturas múltiplas, meses de fisioterapia, e aquela pergunta que não cala: como isso pôde acontecer?
O depois do caos
Enquanto o corpo cura, a mente trava batalhas diárias. "Todo barulho de freio me faz suar frio", admite. Os médicos falam em "sorte". Ele prefere chamar de "segunda chance". E agora? Agora é guerra. Não só pela indenização — que vem em passos de tartaruga — mas por mudanças reais.
O trecho da rodovia, conhecido por motoristas como "roleta-russa" para ciclistas, continua tão perigoso quanto antes. "Já vi três quase-acidentes desde que voltei aqui", revela, os olhos escaneando cada metro da pista. As autoridades? Promessas vagas e placas novas que parecem mais enfeite que solução.
Justiça além dos tribunais
Se depender dele, esse caso vai ecoar. "Não quero só meu direito, quero que nenhuma família passe por isso", dispara. Advogados entraram com ação, mas a verdadeira vitória seria ver câmeras, sinalização decente e — quem diria — respeito aos vulneráveis no trânsito.
Enquanto isso, a bike dele — amassada como lata de refrigerante — serve de lembrete macabro na garagem. "Um dia volto a pedalar", diz, tocando o guidão torto. Mas primeiro, exige que o poder público cumpra seu papel. Afinal, sobreviver foi só o primeiro round dessa luta.