Uma pesquisa recente da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) expôs a grave situação da malha rodoviária administrada pelo estado de Minas Gerais, com destaque negativo para a região Sul do estado. O estudo, que avaliou a percepção dos usuários, colocou cinco rodovias que cortam o Sul de Minas entre as piores em termos de conservação e segurança.
Metodologia e panorama geral
A análise da CNT percorreu um total de 15.557 quilômetros de estradas em Minas Gerais, aplicando uma metodologia própria que considerou três aspectos fundamentais: o estado do pavimento, a sinalização e a geometria das vias. A combinação desses fatores resultou em uma classificação geral.
Os números revelam um cenário preocupante: apenas 34,6% das rodovias foram avaliadas entre ótimo e bom. A maior parte, 37,9%, recebeu a classificação de regular. O dado mais alarmante mostra que 27,5% das estradas mineiras estão entre ruins e péssimas. A distribuição detalhada é a seguinte: 6,6% ótimo, 28,0% bom, 37,9% regular, 24,2% ruim e 3,3% péssimo.
As cinco rodovias problemáticas do Sul de Minas
O estudo destacou especificamente cinco trechos rodoviários na região Sul de Minas que se enquadram nas piores categorias. Nenhuma delas foi considerada boa ou ótima, variando entre regular e péssima nos diferentes quesitos.
MG-179 (Pouso Alegre a Alfenas): A avaliação geral foi ruim. O pavimento também foi classificado como ruim, enquanto a sinalização ficou na categoria regular. O ponto mais crítico foi a geometria da via, considerada péssima.
MG-267 (Campanha a Cambuquira): Esta rodovia se saiu mal em quase todos os aspectos. O único item com nota regular foi a sinalização. Todos os outros quesitos – pavimento, geometria e estado geral – foram avaliados como ruins.
MG-460 (Cambuquira a São Lourenço): Apresentou estado geral e pavimento ruins. A sinalização foi regular, mas a geometria, novamente, recebeu a pior avaliação: péssima.
MG-369 (Boa Esperança a Oliveira): Teve um desempenho um pouco melhor nos primeiros itens, com estado geral, pavimento e sinalização classificados como regulares. No entanto, a geometria da rodovia foi considerada péssima.
MG-354 (Baependi a Cruzília): Seguiu um padrão similar: estado geral, pavimento e sinalização regulares. A geometria, contudo, foi avaliada como ruim.
Falta de investimento e gestão
Para o especialista em trânsito Sérgio Carvalho, os resultados da pesquisa refletem um problema crônico: a falta de investimentos e de uma gestão eficiente dos recursos. Carvalho argumenta que, embora exista verba destinada ao trânsito, há um contingenciamento na aplicabilidade do dinheiro que impede a manutenção de rodovias seguras.
O especialista também destacou a necessidade de os usuários conhecerem e exigirem seus direitos. "O trânsito seguro é direito de todos e constitui dever prioritário dos órgãos que compõem o Sistema Nacional de Trânsito", afirmou. Para ele, a falta de investimento é agravada pelo desconhecimento do cidadão, que nem sempre cobra das autoridades a devida manutenção das vias públicas.
A pesquisa da CNT serve como um alerta para as condições de trafegabilidade e segurança em uma importante região do estado. A situação das rodovias impacta diretamente no dia a dia de motoristas, no transporte de cargas e no desenvolvimento econômico local, exigindo atenção imediata dos gestores públicos.