Charge de J.Caesar expõe o jogo sujo da Lava Jato: os bastidores que viraram piada
Charge de J.Caesar expõe jogo sujo da Lava Jato

Não é de hoje que a tal da Lava Jato rende mais piada pronta do que resultado de verdade. E olha que não tô exagerando não. A charge do J.Caesar, publicada no dia 20 de agosto, escancara de um jeito que até dói a hipocrisia dos bastidores da operação que prometia limpar o país.

O traço do cartoonist é certeiro — e vai direto no nervo. A gente vê os procuradores e juízes, aqueles mesmos que se vendiam como paladinos da moralidade, falando abertamente sobre manipular processos, escolher alvos e até sobre como usar a delação premiada como arma política. Tudo com um sorriso no rosto, como se fosse planos de final de semana.

E o pior? A charge não inventa nada. Ela se baseia nos diálogos reais, vazados, que a gente já conhece — aquelas mensagens que mostram o que realmente rolava nos grupos de WhatsApp da turma. Coisa de gente que acha que a lei é molinha e que pode ser torcida conforme a conveniência.

Os diálogos que viraram piada — mas não têm graça nenhuma

Num dos quadros, um personagem pergunta: “E aí, vamos prender hoje?”. O outro responde, relaxado: “Claro, a mídia tá quieta, precisamos aparecer”. É de cair o queixo — ou de rir de desespero. Porque quando a justiça vira espetáculo, todo mundo vira plateia — menos quem deveria ser protegido por ela.

E não para por aí. Tem cena que mostra combinata pra adiar ou acelerar processos dependendo do humor do dia ou da conveniência eleitoral. É um jogo de xadrez onde as peças são pessoas — e as regras, inventadas na hora.

O J.Caesar, com aquela malícia que só quem manja dos paranues consegue ter, ainda coloca um detalhe sutil: no canto da sala, uma plinha escrito “Estado Democrático de Direito” — meio torta, quase caindo. Simbólico ou não, a mensagem chega.

Não é humor — é documento

Quem acha que charge é só desenho engraçadinho, tá muito enganado. Em tempos de cortina de fumaça e narrativa controlada, o traço do cartoonist cumpre um papel que muito jornalista deveria ter tido coragem de fazer: denunciar na lata, sem meias-palavras.

E o mais irônico de tudo? Muita gente que hoje critica a Lava Jato — e com razão — na época batia palma. A charge cutuca essa ferida. Mostra que o problema não era só um ou outro, era o sistema todo cheirando a podre.

Parece exagero? Duvida? Volta nos vazamentos, lê as mensagens de novo. Às vezes a verdade dói tanto que a gente prefere rir — pra não chorar.

Pois é. A charge do J.Caesar não é só uma piada. É um retrato sem retoque de como a justiça foi sequestrada — e de como tem gente que ainda aplaude o sequestro.